A reportagem da Folha recebeu denúncia de que detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), localizada na zona Rural de Boa Vista, estariam ficando soltos e andando livremente nas alas e pelas demais dependências da unidade por falta de cadeados para as celas.
A denúncia foi feita por um servidor que trabalha no presídio, o maior de Roraima, mas que preferiu não ser identificado por medo de represálias. Segundo ele, os policiais militares e agentes penitenciários que atuam na Pamc não estão mais tendo controle dos presos. “Os presos estão todos soltos nas alas, que ficam abertas sem nenhum controle”, afirmou.
Imagens enviadas pelo denunciante mostram alguns detentos andando livremente à luz do dia na ala destinada aos presos do regime fechado. “Isso coloca em risco a vida dos profissionais que trabalham na Pamc. São feitos vários relatórios, porém todos em vão, pois, nenhuma atitude é tomada. Aquilo já está um total abandono e os presos ainda ficam livres”, disse.
A reportagem entrou em contato com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Estado de Roraima (Sindape), Lindomar Sobrinho, que confirmou a informação sobre a falta de cadeados na unidade, mas informou que a situação já estaria sendo normalizada. “Tiveram que ir buscar umas cinco caixas de cadeados na Secretaria de Justiça. Também estão sendo tirados materiais que estariam servindo para regalia dos presos”, contou.
Ele explicou que nem todos os presos ficam soltos, mas reconheceu a dificuldade em manter a vigilância na unidade. “Não são todos os presos, mas tem ala que infelizmente não tem vigilância 24 horas, apenas à distância. Se todos ficarem soltos derrubam tudo em questão de segundos e invadem a carceragem”, afirmou.
Em janeiro deste ano, mais de 80 presos da Penitenciária Agrícola escaparam da unidade prisional na que foi considerada a maior fuga da história do Sistema Prisional de Roraima. O caso resultou, inclusive, no afastamento do então secretário de Justiça e Cidadania, Ronan Marinho, após decisão judicial a pedido do Ministério Público do Estado (MPRR).
Sobrinho negou, porém, que a unidade estivesse sob domínio dos presos. “Tem umas correrias que são os presos que ficam para possível acionamento do plantão em casos de emergência. Eles [presos] não têm o domínio todo no presídio, porque na hora que a muralha vê eles soltos os contêm para que voltem para as celas”, frisou.
OUTRO LADO – Em nota, a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) informou que a denúncia não procede e que tem contrato regular de fornecimento de cadeados. Esclareceu que na manhã dessa terça-feira, dia 13, foi realizada uma revista na penitenciária pela Polícia Militar, que constatou que tudo se encontra sob controle. “Sobre a imagem enviada à redação, trata-se de um ato de banho de sol, onde há a concentração de muitos reeducandos em um mesmo espaço”, alegou. (L.G.C)