Ruidnilson Pereira Cardoso*
Imagine a seguinte situação: Ao estarmos em cima de um prédio, observando o outro edifício muito próximo, o primeiro impulso nos conduz à curiosidade e à exploração. Ao encostar as mãos no outro prédio, sentimos uma conexão, uma sensação de proximidade que alimenta nosso senso de aventura. Porém, ao tomar a decisão de encostar também a cabeça, o medo emerge pela primeira vez. Esse medo, embora genuíno e compreensível, pode nos aprisionar em uma paralisia emocional, impedindo-nos. A ansiedade, dada a possibilidade de cair, nos coloca diante de uma encruzilhada filosófica: como transcender esse medo e retornar à posição original sem ceder ao abismo do receio?
Nesse ponto, a coragem torna-se a chave para a resolução do enigma. A coragem não é a ausência do medo, mas a habilidade de enfrentá-lo e agir apesar dele. Devemos confrontar nossos receios e enfrentar a situação com prudência e determinação. É um convite para ouvir a voz interior, aquela que nos impulsiona a superar limites e transformar o desconhecido em uma oportunidade de crescimento pessoal.
Para sair dessa situação com segurança, é importante agir com cautela. Uma abordagem ponderada e focada na estabilidade é fundamental. Atravessar a ponte invisível entre os prédios requer passos cuidadosos e uma atenção aguçada ao equilíbrio. É uma metáfora da vida: encontrar o equilíbrio entre nossas aspirações e nossas inseguranças, entre o impulso de explorar e a necessidade de prudência.
Atravessar essa “ponte invisível” nos desafia a reconhecer que em nossa existência estamos constantemente encarando situações incertas e novas possibilidades.
Aprendemos que a vida é repleta de desafios e que nosso crescimento depende de como enfrentamos esses desafios com coragem e sabedoria.
E, finalmente, ao alcançar a segurança do prédio de origem, levamos conosco uma experiência valiosa. A aventura que nos inquietou e inspirou revela um poder interior que muitas vezes não percebemos. A superação do medo traz uma sensação de realização e nos permite expandir nossos horizontes, reafirmando nossa capacidade de enfrentar os altos e baixos da jornada da vida.
Portanto, sair dessa situação sem cair significa não apenas retornar ao ponto de partida, mas também levar conosco a compreensão de que o medo e a coragem são dois lados da mesma moeda. O medo nos desafia a crescer, enquanto a coragem nos dá asas para voar além dos nossos limites. E, assim, cada passo ousado em direção ao desconhecido nos lembra que, mesmo diante do abismo, podemos encontrar nossa força interior e seguir em frente, confiantes na nossa capacidade de superação e transformação.
Ruidnilson Pereira Cardoso
Aluno do Mestrado em Filosofia da UERR e professor da Escola Estadual América Sarmento Ribeiro