Em meio às tensões das eleições presidenciais do ano passado, um encontro não registrado na agenda oficial do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) suscitou questionamentos. No final da tarde de 30 de outubro, poucos minutos antes do fechamento das urnas do segundo turno, Bolsonaro se reuniu com Silvinei Vasques, então diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e Djairlon Moura, diretor de Operações da PRF.
Conforme registros do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), ambos chegaram ao Palácio do Alvorada às 16h31, acompanhados pelo então ministro da Justiça, Anderson Torres, e deixaram o local às 17h24. As informações, obtidas pela agência Fiquem Sabendo através da Lei de Acesso à Informação, foram divulgadas nesta segunda-feira (9).
Eduardo Pedro Nostrani Simão, advogado que defende Vasques, afirmou que não foi notificado sobre o encontro, ressaltando que “não há vedação legal para reunião em dia de eleições”. Enquanto isso, a defesa de Torres e os advogados do ex-presidente Bolsonaro permanecem em silêncio sobre o assunto.
Relembre
O segundo turno foi marcado por intensas blitze em todo o país, com especial concentração no Nordeste, região onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT), oponente de Bolsonaro, tinha ampla vantagem nas pesquisas. A Polícia Federal investiga se a PRF teve um papel estratégico em dificultar a ida dos eleitores aos locais de votação. Djairlon Moura, que esteve no encontro, era responsável por todas as operações nacionais da PRF.
No mesmo dia da reunião, antes de chegar ao Palácio, Vasques se encontrou com o ministro Alexandre de Moraes, do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), para esclarecer as blitze, que contrariavam a determinação da Corte.
Em desdobramento recente, em 9 de agosto deste ano, Silvinei Vasques foi preso pela Polícia Federal na Operação Constituição Cidadã, que investiga a possível interferência da PRF no processo eleitoral de 2022. A operação apura o suposto direcionamento de recursos da PRF para dificultar o trânsito de eleitores no dia das eleições. Vale ressaltar que Jair Bolsonaro não está sob investigação neste caso.