JESSÉ SOUZA

Um ditado popular e um bordão que rondam um pedido de empréstimo milionário

Governo de Roraima pleiteia uma autorização para contrair um empréstimo de R$805,7 milhões junto ao Banco do Brasil (Foto: Divulgação)
Governo de Roraima pleiteia uma autorização para contrair um empréstimo de R$805,7 milhões junto ao Banco do Brasil (Foto: Divulgação)
Governo de Roraima pleiteia uma autorização para contrair um empréstimo de R$805,7 milhões junto ao Banco do Brasil (Foto: Divulgação)

Já dizia o adágio popular: onde há fumaça há fogo. No dia 15 de setembro deste ano, no artigo intitulado “Rumores de um empréstimo bilionário e a inversão de uma lógica”, esta Coluna comentou a respeito de um projeto de lei do Executivo que estaria em gestação a ser enviado para a Assembleia Legislativa visando pedir autorização para o Governo do Estado contrair um empréstimo que poderia chegar a R$2 bilhões. Agora é fato. Apenas o valor não se confirmou.

O governador Antonio Denarium está pleiteando um empréstimo de R$805,7 milhões, cujo projeto de lei já está nas mãos dos deputados estaduais, os quais mantiveram um suspeitíssimo silêncio desde que tudo era tratado apenas como um rumor. As nuvens espessas foram dissipadas e tudo ficou bem cristalino diante de um governo que pregava “dinheiro tem, o que falta é gestão”. É a inversão de uma lógica tratada naquele artigo de setembro passado.

É obrigação dos deputados discutirem amplamente o pedido de autorização de empréstimo, pois trata-se de um governo cujo mandatário está cassado e multado pela Justiça Eleitoral, o qual poderá deixar uma administração endividada para o próximo sucessor, seja ele ou ela quem for. Daí a necessidade de uma ampla discussão na Assembleia Legislativa.

Acima de tudo, a contratação de empréstimo significa que é o povo que vai pagar a conta, no final, refletindo principalmente no bolso daqueles mais pobres que terão mais impostos a pagar. Mais que isso, é necessário saber se haverá riscos desse empréstimo milionário comprometer o futuro do Estado, que poderá ficar sem condições de conceder aumento salarial para o funcionalismo público, a exemplo de policiais e professores, categorias estas que já enfrentaram greves no governo anterior a este.

O silêncio dos deputados é uma preocupação a mais, uma vez que todos trataram logo de desviar o assunto com o caso do Município de Rorainópolis. Com exceção de um, os demais mantiveram silêncio desde quando começaram a surgir rumores de um pedido de empréstimo que circulavam há meses nos grupos de compartilhamento de mensagens.

Naquela época, pelo menos um político sem mandato gravou um vídeo falando sobre a intenção do governo de recorrer a um empréstimo, levantando questionamentos sobre o uso desse recurso no momento de uma cassação que está em fase de recurso. São essas e outras questões que precisam ser bem discutidas, além da possiblidade de endividamento do Estado futuramente e suas implicações para o contribuinte e para o funcionalismo público.

O possível empréstimo não pode ser empurrado de goela abaixo da população pelos deputados, os quais irão votar o projeto de lei do Executivo. Afinal, está em questão uma gestão que se reelegeu pregando que estava tudo saneado e bem encaminhado, sob o bordão de que “dinheiro tem, o que faltava era gestão”. Cadê esse recurso? O que aconteceu com a gestão?

Com a palavra, os deputados…

*Colunista

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