Cotidiano

Mercado em Santa Elena já sente reflexos do decreto de proibição

Presidente Nicolás Maduro proibiu a exportação de mais de 30 produtos de limpeza e alimentos

O comércio da cidade venezuelana de Santa Elena de Uairén, na fronteira Norte do Brasil, já está sentindo as consequências do novo decreto presidencial que faz restrição à venda de produtos para estrangeiros. Nos últimos dias, os principais supermercados da região estão quase vazios, as ruas tranquilas e os postos de combustível com pouca fila. No lado brasileiro da fronteira, na cidade de Pacaraima, a população está preocupada com as despesas maiores ao ter que comprar quase tudo no comércio local.
Entre as últimas medidas do presidente venezuelano Nicolás Maduro para diminuir a escassez de produtos de primeira necessidade, está o decreto que proíbe qualquer cidadão de transportar bens aos países que fazem fronteira, como Brasil e Colômbia. O fato vem afetando de várias formas a fronteira Brasil/Venezuela.
Por um lado, há pontos positivos, já que sem a grande quantidade de brasileiros na cidade vizinha, os postos de combustível, tanto o internacional, destinado a brasileiros, quanto os de Santa Elena estão com pouca fila. Assim, as pessoas podem abastecer em pouco tempo.
Já no comércio é possível notar a queda nas vendas. Não há filas nos caixas dos supermercados e alguns empresários reclamam do movimento fraco. O dono de um estabelecimento comercial, que preferiu não se identificar, disse que só em uma semana as vendas caíram 20%, porém respeita as novas medidas presidenciais.
De acordo com o comandante do Destacamento de Fronteiras 84 da Guarda Nacional, Eduardo Lopez, a medida foi tomada pensando principalmente na fronteira com a Colômbia, onde ocorre o contrabando em grande escala, mas deve ser cumprida em todas as fronteiras. “Infelizmente, não há parâmetros nesta lei, não podemos fazer exceções, já que deve ser punido igual quem leve um quilo de arroz ou um caminhão cheio de carne. Neste momento, estamos fazendo o trabalho informativo e apenas tomando os produtos, mas, posteriormente, as pessoas encontradas com contrabando devem ser punidas”, afirmou.
O comandante disse que foi enviada cópia do decreto à Receita Federal e ao Consulado brasileiro justamente para que ajudassem na divulgação para evitar a desinformação. Questionando se não haveria alguma regra especial para os moradores da fronteira, que apenas levam produtos para o consumo próprio, Lopez afirmou que se chegarem a um acordo bilateral e constar na lei, eles podem abrir exceções.
PREOCUPAÇÃO – A maioria das pessoas que reside em Pacaraima fazia suas compras na cidade vizinha. Agora a nova lei gerou preocupação por parte desta população. Para a estudante, e dona de casa, Adriana Campos Martins foi uma péssima notícia e uma realidade à qual terá que se adequar.
“Eu gastava, em média, R$ 250,00 lá para as mesmas compras que aqui gasto R$ 800,00. Eu comprava praticamente tudo em Santa Elena e conseguia economizar R$ 500,00 aproximadamente. Além da economia, há produtos que preferia de lá, pois são de melhor qualidade”, salientou.