A incidência de doenças cardiovasculares está aumentando entre as mulheres, principalmente decorrente dos males como estresse, tabagismo e dietas desequilibradas, segundo pesquisa recente do Hospital do Coração de São Paulo. De acordo com o estudo, o número de infartos entre mulheres aumentou 3,8%, enquanto entre os homens houve queda de 17%.
A probabilidade de uma mulher morrer em consequência de um infarto é, em média, 50% maior do que a de alguém do sexo masculino. E a maior incidência de risco acontece com mulheres na menopausa: a probabilidade é de duas a três vezes maiores que em mulheres na mesma faixa etária que ainda possuem ciclo menstrual.
Agora, uma equipe de pesquisadores do Centro Médico em Saúde do British Medical Journal revela que a doença cardíaca, mesmo sendo a principal causa de morte dos norte-americanos, muitos pacientes são capazes de sobreviver a ataques do coração. O estudo buscou desvendar quem é capaz de superar um ataque e quem sucumbe a ele. Eles identificaram um conjunto comum de fatores de risco que separam aqueles que experimentam a morte cardíaca súbita daqueles que têm ataques cardíacos, mas resistem.
A morte cardíaca súbita ocorre quando o coração para de bater de forma inesperada, evitando que o sangue seja bombeado ao cérebro e a órgãos essenciais, causando a morte em poucos minutos. Ela difere um pouco de um ataque cardíaco, durante o qual o fluxo de sangue a uma parte do coração é bloqueado.
Ataques e doenças cardíacas são fatores de risco para morte súbita, mas agora os investigadores identificaram algumas características adicionais que irão ajudar os médicos a saber quais pessoas possuem maior risco. Utilizando os dados selecionados entre 18.497 participantes em dois estudos, os cientistas encontraram diversas correlações que ajudaram a prever o risco de morte súbita cardíaca – e outros que ajudaram a prever a probabilidade de doença cardíaca coronariana. Aqui está o que os pesquisadores encontraram:
Negros – Pacientes de etnia negra tinham maior probabilidade do que os não negros a morrer de ataque cardíaco antes de chegar ao hospital, mas foram menos propensos a desenvolver doenças do coração.
Hipertensão – Pressão arterial elevada juntamente com um aumento da frequência cardíaca foram fortes potencializadores de morte súbita.
Índice de Massa Corporal – Um IMC extremamente alto ou baixo foi associado ao risco maior de morte súbita.
Eletrocardiograma – O ritmo descompassado do coração pode ser avaliado através de um exame de eletrocardiograma. Resultados anormais neste teste estavam entre os mais fortes predecessores de morte súbita cardíaca.
A boa notícia é que muitos desses fatores de risco, como peso e pressão arterial, podem ser alterados. Se essas alterações forem feitas e o risco de morte súbita realmente diminuir, tratamentos e cuidados com a saúde poderiam salvar muitos dos cerca de 325 mil pessoas que morrem de morte súbita cardíaca a cada ano.
No Brasil, a previsão é que, em 20 anos, o número de mortes em decorrência de doenças cardíacas entre as mulheres deve ultrapassar o de homens. E o número de mulheres com grande risco cardíaco subiu de 10% para 30%, representando 21 milhões de brasileiras.