Cotidiano

Abril terá programação de conscientização do autismo

Na próxima segunda-feira, 2, é comemorado o Dia Mundial do Autismo. A data, criada pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007, serve para ajudar na conscientização sobre o autismo, um transtorno no desenvolvimento do cérebro que afeta cerca de 70 milhões de pessoas em todo o mundo. Em Roraima, a União de Pais e Pessoas com Autismo em Roraima (Uppa-RR) já começou a idealizar a programação alusiva.

A presidente da Uppa, Katianne Parente, informou que a entidade está tentando organizar um mês inteiro de eventos de conscientização, a fim de trazer o máximo de informação possível à população. Dessa forma, a ideia é que um evento seja realizado a cada semana do mês. “Apesar de ser um transtorno antigo, agora que estão começando a falar sobre o autismo”, apontou.

Iniciando a programação, no dia 2 a partir das 8h, uma panfletagem em frente à Assembleia Legislativa do Estado de Roraima (ALE). Pelos panfletos, a população vai saber o que é o transtorno, os tipos de autismo e sintomas, além das dificuldades sofridas que acabam terminando em preconceito devido à falta de conscientização da população.

Para a segunda semana, está prevista uma mesa redonda com profissionais do Estado, com o intuito de debater o autismo e suas atualidades, como tratamento, educação e cuidados em casa aos familiares e as leis previstas. Serão convidados médicos, advogados, assistentes sociais e psicólogos que atuem junto ao transtorno. O local, no entanto, ainda não foi definido.

No dia 14, um curso gratuito ministrado por uma fonoaudióloga será realizado no auditório da Universidade Estadual de Roraima (Uerr). A divulgação, bem como os procedimentos de inscrição on-line, serão divulgados pela própria Uppa pela página do Facebook. A programação ainda prevê a transmissão de vídeos educativos em locais de grande movimentação, como praças de alimentação, e outras panfletagens.

Para ficar por dentro da programação e do trabalho realizado pela Uppa, Katianne informou que a população pode procurar a entidade pelo Facebook. Na página, os interessados vão conferir horários, local dos eventos e outras ações, bem como os contatos disponíveis para quem deseja saber mais sobre.

PREFEITURA – Conforme a Secretaria Municipal de Educação e Cultura (Smec), todas as unidades de ensino do município vão realizar atividades alusivas ao Dia Mundial do Autismo. Para tanto, cada unidade terá sua própria programação. As ações compreendem palestras, atividades lúdicas e trabalhos pedagógicos voltados ao tema.

GOVERNO – A Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) informou que a programação alusiva à data ainda está sendo definida. (A.G.G)

Inclusão nas escolas é principal dificuldade dos autistas

Ter acesso à educação é um direito de todos. Na prática, no entanto, não é assim que funciona. A presidente da União de Pais e Pessoas com Autismo em Roraima (Uppa-RR), Katianne Parente, apontou a inclusão nas escolas como a principal dificuldade de quem tem um autista na família. Acontece que, dependendo do trabalho realizado, a presença da criança passa a ser uma aceitação ao meio, e não uma inclusão de fato.

Ela explicou ser difícil uma escola em Roraima cumprir a lei sem ter um profissional apto para o atendimento. “A criança acaba não conseguindo fazer a atividade como deveria, muitas vezes devido à adaptação ao material, já que algumas crianças têm aversão à lápis, outras não gostam de sujar as mãos e por aí vai”, disse. Para ela, outra dificuldade na inclusão é atribuída ao fato de que cada criança tem sua peculiaridade.

Outra dificuldade apontada pela presidente foi o preconceito. Katianne apontou ser normal, durante a gestação, gerar uma certa expectativa para a chegada do filho, já que não existe um exame que comprove qualquer alteração com o bebê. Entretanto, com o passar do tempo, os familiares passam a se sentir frustrados, até que vem o diagnóstico, que também não é precoce como deveria.

Enquanto em alguns países uma criança de seis meses já é diagnosticada com autismo, alguns casos são confirmados após sete anos no Brasil, o que compromete a evolução da criança. “Mas já estamos vendo alguns profissionais se interessando e indo atrás de se capacitar, o que nos alegra, porque é preciso ter um olhar atencioso para diagnosticar em uma criança o autismo”, salientou.

Além disso, pelo fato de cada família ter um autista em grau diferente, a confirmação do diagnóstico pode resultar em negação. Nesses casos, o próprio familiar não busca atendimento e tenta se excluir de todo evento social, o que é difícil para a criança. “O estímulo precisa ser trabalhado. Se você vai levando seu filho aos poucos a determinados estímulos, ele vai criando métodos de se regular ao meio”, finalizou.

PARCERIA – Por ser uma entidade sem fins lucrativos, a Uppa encontra e conta com parceiros para a realização das ações. Se você deseja ajudar, basta procurar a página da União no Facebook. “Devagar estamos conseguindo engajar os eventos que idealizamos”, finalizou. (A.G.G)