PARLAMENTO ITALIANO

Mudança na Lei de Cidadania Italiana pode afetar concessão a Bolsonaro

Emenda visa impedir concessão de cidadania a acusados de crime de conspiração contra o Estado.

O Palácio de Montecitorio, que abriga a Câmara dos Deputados do Parlamento italiano — Foto: Guglielmo Mangiapane/Reuters
O Palácio de Montecitorio, que abriga a Câmara dos Deputados do Parlamento italiano — Foto: Guglielmo Mangiapane/Reuters

O Parlamento Italiano está revisando alterações na lei de cidadania que introduzem critérios específicos sobre conspiração política e atos contra a democracia. Uma emenda a esta lei foi aprovada no último dia 26, estabelecendo que, antes da concessão da cidadania, será examinado se o solicitante cometeu atos de conspiração política ou qualquer atentado contra a democracia. O próximo passo é um segundo voto no Parlamento para que a emenda entre em vigor.

Angelo Bonelli, deputado italiano, foi o proponente desta emenda, que foi aprovada com ampla margem: 191 votos a favor e apenas 6 contrários. A mudança faz parte de um projeto de lei mais amplo voltado para o combate à violência contra a mulher e que define tipos específicos de crimes que podem resultar na rejeição de pedidos de cidadania.

Na Itália, a concessão da cidadania é frequentemente baseada no direito sanguíneo. A motivação por trás da revisão desta lei é que, ao solicitar a cidadania, tais considerações sobre conspiração e atos antidemocráticos sejam levadas em conta durante o processo.

Projeto apresentado por Angelo Bonelli teve 191 votos a favor e 6 contra – Foto: Reprodução/Globalist.it

De acordo com declarações de Bonelli, a emenda foi parcialmente inspirada por preocupações relacionadas ao ex-presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

“Quando estava pensando no texto da emenda, o caso Bolsonaro me veio à mente imediatamente. A Itália não pode permitir que pessoas que tenham conspirado contra o Estado possam ter a cidadania reconhecida. Isso não faz bem para nossa Democracia”

Acusações contra Bolsonaro

Bolsonaro é citado em um relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) brasileira, que investigou os eventos de 8 de janeiro. A comissão acusou Bolsonaro de associação criminosa, violência política, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, entre outros crimes.

O texto proposto detalha que “o governo italiano se compromete a avaliar a conveniência de rejeitar o pedido de cidadania italiana para aqueles que foram condenados, inclusive no exterior, por crimes como violência doméstica, terrorismo, violência sexual, crime organizado, tráfico de drogas e conspiração política e contra o Estado”.