Cotidiano

Praça Capitão Clóvis será cercada para revitalização

O isolamento foi uma das medidas anunciadas durante coletiva de imprensa realizada no auditório da 1ª Brigada de Infantaria de Selva

Na manhã dessa terça-feira, 3, órgãos e entidades que atuam na assistência aos imigrantes venezuelanos indígenas e não indígenas apresentaram as novas medidas que serão implantadas no Estado. O anúncio foi realizado durante coletiva de imprensa realizada no auditório da 1ª Brigada de Infantaria de Selva (1º BdaInfSl), no bairro Treze de Setembro, zona Leste da Capital.

Uma das medidas anunciadas foi o isolamento da Praça Capitão Clóvis, situada no Centro, para revitalização. A ação, que foi aprovada pela Caixa Econômica na semana passada, já está em processo de licitação. De acordo com a prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), a revitalização no local foi antecipada devido aos casos de pedras que estavam sendo lançadas em direção às barracas, atropelamentos, ingestão de bebidas e violência durante a noite.

No sábado passado, 31 de março, a Prefeitura de Boa Vista cercou a Praça Simón Bolívar, na zona Leste. A partir do isolamento, os imigrantes que estão no local passaram por uma triagem para entrar, receber vacinas e verificar a documentação para receber abrigo. Por meio da triagem, a prefeitura constatou que, das 937 pessoas que estão na praça, 70% querem a interiorização.

Com o isolamento dos dois espaços públicos, os imigrantes residentes nos locais serão transferidos aos abrigos a partir da liberação do Exército. Dessa forma, novas pessoas que chegarem às praças serão direcionadas a triagem para, então, seguir aos abrigos. “Nos espaços públicos não é possível e não é permitido, principalmente neste período de chuvas”, contou Teresa.

Outra medida, apresentada pelo coordenador da Força-Tarefa Logística Humanitária em Roraima, o general da Base de Apoio Logístico do Exército Eduardo Pazuello, foi em relação à construção de novos abrigos na Capital e em Pacaraima, município que faz fronteira com a Venezuela. Além disso, ele explicou o planejamento que será realizado na fronteira.

Para Pacaraima, está prevista a construção de um posto de identificação e recepção dos imigrantes, um posto de triagens com vacinação e atendimento médico e um posto de atendimento avançado, que vai funcionar como um módulo do Hospital de Campanha, previsto pelo Governo Federal. O planejamento ainda prevê melhorias no abrigo dos indígenas Warao e a construção de um novo abrigo para os imigrantes não indígenas.

Na Capital, após a implantação do abrigo Jardim Floresta, o Exército está concluindo um novo abrigo na Igreja Nossa Senhora da Consolata, no bairro São Vicente, e discutindo a implantação de um sexto abrigo, a ser construído em um ginásio abandonado no bairro Treze de Setembro, ambos na zona Leste. O assunto está sendo debatido junto ao Governo do Estado.

Com cinco abrigos em funcionamento atualmente, o general contou que a previsão é que o Estado chegue a seis abrigamentos em cerca de 15 dias e aumente para nove abrigos até o final do mês. Em Pacaraima, com as áreas semi-preparadas, a expectativa é que as estruturas dos postos cheguem até o final do mês, tendo em vista que o material vem do Rio de Janeiro.

Frente às novas medidas a serem implantadas, o general Pazuello destacou quatro possíveis destinos aos imigrantes: retorno ao país, tendo em vista uma pequena porcentagem que deseja o retorno; absorção no mercado local; interiorização a outros locais do país e o reassentamento para outros países, possibilidade que já está sendo estudada pelas organizações não-governamentais.

REFORMA – Teresa apontou que as reformas nas praças já estavam programadas. Na Capitão Clóvis, serão recuperadas as quadras, banheiros e toda a estrutura necessária. A Simón Bolívar, por sua vez, vai passar por uma reforma de manutenção. “Com esse tempo de abrigamento, a praça foi muito depredada”, disse.

Em relação a valores, a Prefeitura informou que somente poderá fornecer após o levantamento da situação da Praça Simón Bolívar e do valor final licitado, no caso da Capitão Clóvis.

PRAÇAS – Com a atuação do Exército na Capital e a construção de novos abrigos, Teresa apontou que as pessoas não precisam mais ficar nas praças. Paralelo às ações militares, o município solicitou ações concretas do Governo Federal. Como a responsabilidade da imigração é da União, Teresa ressaltou que cabe ao Governo Federal, junto à Organização das Nações Unidas (ONU), trazerem as soluções. “Pedimos a vacinação obrigatória, abrigamento, interiorização e atendimento às crianças. Em poucos dias, a atuação do Exército, que recebeu recursos calculados em R$ 190 milhões, já deu resultados positivos”, pontuou.

INTERIORIZAÇÃO – A equipe de reportagem entrou em contato com a Casa Civil, órgão responsável por falar sobre a interiorização dos imigrantes, mas até o fechamento desta matéria, às 18h, não obteve resposta.

ACNUR – Tendo em vista o fluxo contínuo de imigrantes em direção a Roraima, a representante do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), Isabel Marquez, contou que os recursos encaminhados pelo Governo da Itália, que resultam em quase R$ 1 milhão, serão utilizados para a implantação de novos abrigos, compra de colchonetes e todas as necessidades encontradas durante a realização dos trabalhos junto aos imigrantes. (A.G.G)

 

Alimentos e produtos de higiene são doados a abrigo

Vinte e cinco toneladas de alimentos e produtos de higiene arrecadados por empresários e voluntários de diversas cidades das Regiões Sul e Sudeste do Brasil chegaram à Boa Vista. A doação foi feita à OGN Fraternidade Sem Fronteira, que é responsável pelo centro de acolhimento do bairro Operário e que atende cerca de 100 famílias de imigrantes venezuelanos.

De acordo com o coordenador local da FSF, João Paulo Reis, a prioridade é atender inicialmente as famílias que estão abrigadas no centro de acolhimento do Operário e também à Igreja Nossa Senhora da Consolata, no bairro São Vicente, que todos os dias fornecem alimentação para venezuelanos. Além disso, as instituições que trabalham no acolhimento de imigrantes vão se reunir para definir critérios de doação dos produtos para outros abrigos e também a pessoas que estejam necessitadas.

Ele contou ainda que, as doações vieram de pessoas físicas de cidades variadas das regiões de Campinas, Rio Claro, Vale do Paraíba, Belo Horizonte e outras. Para que a alimentação chegasse a Roraima, o Rotary Clube de Minas Gerais colaborou com o envio do caminhão, trazendo os produtos.

TRABALHO – No final de semana passado, voluntários da FSF fizeram o cadastro profissional de mais de 700 imigrantes venezuelanos. O objetivo é fazer uma ponte entre quem precisa de emprego e quem pode ofertar uma vaga de trabalho.

Quem quiser ajudar, pode apoiar com transporte, moradia temporária, mobília e outras necessidades do trabalhador e sua família. Um voluntário da FSF será o “tutor fraterno” da nova relação de trabalho, incentivando o zelo pelo cumprimento do compromisso assumido pelo trabalhador e pelo empregador.

Os interessados em ajudar podem acessar o site da ONG (fraternidadesemfronteiras.org.br) e clicar no botão “quero ajudar – Brasil, um coração que acolhe” e informar se pode oferecer emprego, apoio ou ser um tutor fraterno. Os dados serão analisados por voluntários da FSF que farão a conexão entre quem precisa de ajuda e quem quer ajudar.

O currículo dos trabalhadores venezuelanos também ficará disponível para visualização no site da FSF. O cadastro profissional será feito por meio de um aplicativo que leva os dados automaticamente para o site.