A presidente do Sindicato da Polícia Penal de Roraima (Sindppen), Joana D’Arc Soares, concedeu entrevista exclusiva no programa “Agenda da Semana” neste domingo (5), onde abordou diversos aspectos relacionados à categoria em Roraima.
Joana iniciou a entrevista destacando a evolução histórica da denominação da categoria, que anteriormente era conhecida como ‘agente carcerário’. Ela ressaltou que essa nomenclatura tornou-se obsoleta ao longo dos anos, uma vez que não existe mais cárcere dentro das delegacias. Em 2011, a nomenclatura foi corrigida, e os profissionais passaram a ser reconhecidos como agentes penitenciários, hoje reconhecidos como policiais penais.
“Essa foi uma luta travada há 20 anos, lá em Brasília, pela nossa federação nacional, porque sempre fomos parte da segurança pública, mas sempre aquele irmão ‘pobre’, que não era reconhecido. E hoje compomos essa parte muito importante nessa engrenagem que é a segurança pública (…) Depois do último concurso, contamos com 794 policiais penais”
No decorrer da entrevista, Joana apontou preocupações em relação à representatividade dos policiais penais na administração do sistema prisional em Roraima. Ela alegou que a gestão atual dificulta a atuação da classe, sobrecarregando um serviço já extremamente estressante, considerado a profissão mais perigosa nacionalmente. Essa situação tem resultado em um alto número de atestados psicológicos e psiquiátricos na junta médica do Estado.
“Além da profissão, é a missão de ressocializar. É a parte mais difícil, mas também é a missão do nosso trabalho. Quando temos uma gestão que não anda junto com a categoria, eleva o que já é estressante a graus mais agravados”
A presidente do Sindppen também fez sérias denúncias em relação à gestão da situação no sistema prisional do Estado. Ela alegou que os registros diários estão sendo apagados, numa tentativa de ocultar os problemas do sistema e impedir que a população saiba o que realmente ocorre lá dentro.
“O que a gente vê da atual gestão é uma tentativa de maquiar o que acontece no sistema [prisional]. A gente sabe que não está tudo bem, não está tudo às mil maravilhas. O que temos são profissionais cerceados de direitos, naquilo que é sua obrigação, que é relatar o que acontece nos presídios e agora estamos impedidos de fazer lançamentos no livro de registros, numa tentativa desesperada de maquiar o que acontece no sistema (…) É ocultação de dados públicos e estamos buscando as medidas jurídicas cabíveis para responsabilizar quem está apagando os registros”
Além disso, Joana destacou a troca da empresa fornecedora de alimentos no sistema, que tem gerado situações de risco. Ela informou que a nova empresa passou a fornecer proteínas com ossos, o que representa um risco, pois os ossos podem ser facilmente afiados e utilizados como armas em momentos de motim ou rebelião, colocando em perigo tanto os policiais penais quanto outros reeducandos. A empresa também começou a fornecer frutas cítricas, que podem ser fermentadas e transformadas em aguardente, agravando a situação no sistema prisional.