Cotidiano

Pais e alunos cobram melhorias Em escola indígena Wai Wai

Com unidades em situações precárias, pais temem que filhos sejam prejudicados no início do novo ano letivo

Moradores da comunidade Anauá, na terra indígena WaiWai, denunciaram esta semana à Folha as condições da Escola Estadual Indígena Anauá, localizada no município de São João da Baliza, região Sul do Estado. Segundo eles, a unidade escolar já não possui mais condições de atender os alunos da etnia.
Conforme Alessandra WaiWai, a estrutura física do prédio da escola é a mesma de 20 anos atrás. Ela se diz inconformada com a situação. “A estrutura da escola está péssima. Não tem condições de fazer nada lá dentro. As paredes e o teto estão caindo e quando chove, a situação fica ainda pior. Queremos que as autoridades resolvam essa situação, porque já houve promessas de gestões anteriores e nada foi feito”, contou.
Alessandra questiona ainda a aplicabilidade às verbas federais da educação. Para ela, não há desculpas para o descaso do poder público com a educação das comunidades indígenas. “Cadê o MEC [Ministério da Educação] e os recursos que deveriam ser investidos para construção da escola? Nunca formos atendidos pelos governantes desde o ano em que a escola foi fundada. Queremos uma unidade onde os alunos possam estudar”, pontuou.
Enquanto uma solução não aparece, os moradores esperam que a nova gestão verifique com atenção a necessidade da comunidade. “Do jeito que está a unidade não supre as necessidades da comunidade. Nós temos muitos jovens aqui que precisam de turmas de Ensino Médio, mas a estrutura física não comporta. Se essa obra acontecesse, creio que isso poderia ampliar a distribuição de vagas, garantindo uma distribuição adequada de alunos por série”, destacou a indígena Belina Aniseto.
OUTRO LADO – Em nota, a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado (SECOM) informou que a escola estadual Indígena Anauá está contemplada no PAR (Plano de Ações Articuladas) do Governo Federal para receber obras de construção. No momento, o PAR está em fase de análise junto ao FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação).
Segundo a Secretaria Estadual de Educação e Desportos (Seed), atualmente a unidade de ensino atende cerca de 100 alunos nas modalidades de Ensino Fundamental (6° ao 9° ano) e EJA (Educação de Jovens e Adultos).(M.L)
Única escola de Campos Novos terá aulas só pela manhã
Preocupação também para pais e alunos da Escola Estadual Manoel Agostinho de Almeida. A unidade que fica localizada na Vila Campos Novos, no município de Iracema, a 82 quilômetros de Boa Vista, poderá ter parte das atividades comprometida.
Conforme a dona de casa Anfreia Nascimento, no ano passado, a direção da escola decidiu não ofertar vagas para o turno da noite, o que acabou prejudicando alunos que só tinham aquele horário para estudar. “No ano passado, o diretor resolveu tirar o horário da noite. Essa decisão acabou prejudicando alguns alunos daqui, já que como muitos ajudam os pais durante o dia, o horário noturno era a única solução”, contou.
Ainda de acordo com a dona de casa, o gestor da unidade teria afirmado que o turno vespertino também seria extinto, o que tem deixado os pais bastante apreensivos.  “Esse ano, ele anunciou o fim do período da tarde, ou seja, haverá aulas apenas pela manhã e os pais não estão querendo isso, já que escola é para funcionar pelo menos em dois turnos. Não tem a mínima condição de a unidade ter aulas apenas pela manhã. Nem justificativa ele deu para os pais, simplesmente decretou tudo e ficou por isso”, frisou.
“Aqui em Campos Novos, só existe essa escola. A mais próxima daqui fica na região do Apiaú e é distante. Apesar de ter transporte escolar na vila, eu acredito que não é uma boa opção, e muitos alunos daquela vicinal vem estudar aqui, então eles também são prejudicados com isso.”, complementou.
Outro problema relatado pela dona de casa diz respeito ao quantitativo de professores. No ano passada, a unidade teria passado por problemas nesse quesito, o que teria obrigado crianças a retornarem para casa mais cedo.“É uma situação que complica a vida de todo mundo. Além dessa questão das aulas, os pais reclamam bastante da falta de professor. Teve ocasiões que as crianças foram para aula e retornam mais cedo para casa, porque não tem profissional para aplicar as atividades. O número de professores é insuficiente”, comentou.
OUTRO LADO – Com relação à situação da Escola Estadual Manoel Augustinho de Almeida, a SECOM esclareceu que a gestão da escola realizou uma adequação no horário de funcionamento da unidade de ensino e que, devido ao número reduzido de alunos, a instituição decretou que funcionará apenas no turno matutino. A unidade atende atualmente 241 alunos nas modalidades Ensino Fundamental (6° ao 9° ano) e Ensino Médio.
Ainda de acordo com a nota, a decisão foi tomada em conjunto com os pais e a comunidade durante reunião realizada no mês de novembro de 2014 com registro em ata. Contudo, a SEED, por meio do Departamento de Gestão Escolar (DGE), deverá analisar a situação e havendo demanda, a instituição de ensino poderá voltar a atender a comunidade nos demais turnos. (M.L)