Cotidiano

Sejuc extingue Grupo de Intervenção Tática que gerenciava rebeliões

Segundo o secretário-adjunto da Sejuc, a medida faz parte de um novo modelo de gestão no órgão.

A Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc) extinguiu o Grupo de Intervenções Táticas (GIT), que foi criado para atender gerenciamento de conflitos e rebeliões no Sistema Prisional do Estado, em especial na Penitenciaria Agrícola de Monte Cristo (PAMC), na zona rural de Boa Vista. Segundo o secretário-adjunto da Sejuc, tenente-coronel Francisco Oliveira Borges, a medida faz parte de um novo modelo de gestão no órgão.
“A Sejuc precisa urgentemente de uma reestruturação, prova disso são os recorrentes problemas no sistema prisional. Quando o GIT foi criado tinha o objetivo de fazer o adentramento tático nas unidades prisionais, em específico na PAMC, que é o lugar mais problemático. No entanto, o GIT está sendo subutilizado e não está mais suprindo o objetivo para qual foi criado”, explicou.
Segundo o secretário-adjunto, o GIT contava com apenas 20 policiais em sua formação, sendo 19 homens e uma mulher, e se limitava apenas a fazer escolta de reeducandos para audiências na Justiça e para atendimento médico nos hospitais. “Se perguntar a um integrante do grupo qual foi a última vez que adentrou na PAMC, ele vai titubear para informar a data certa, porque faz muito tempo que eles não atuavam lá”, ressaltou. “O número de policiais era tão pequeno que as escoltas estavam com deficiências e não conseguiam mais suprir a demanda”, frisou. 
Para justificar a medida, o tenente-coronel ressaltou que houve o entendimento de extinguir o grupo e distribuir o efetivo em plantões de segurança dos reeducandos e dos profissionais que trabalham na Penitenciaria Agrícola. “Um dos principais problemas detectados na PAMC se refere à falta de efetivo de segurança das 18 às 8 horas da manhã. É justamente nesse período que a grande massa da PAMC está no regime fechado”, comentou. Hoje, cerca de 1030 reeducandos aguardam decisão da justiça ou cumprem pena na unidade.
Ele ressaltou que a ausência do Estado neste horário se dá por vários motivos, como a falta de efetivo, de equipamento e de condições técnicas. “Chegamos à conclusão que não precisamos de GIT e nem de GET (Grupo de Entradas Táticas, criado pela Polícia Militar para dar apoio ao GIT). O que precisamos é que o agente penitenciário e o policial militar que estiver de serviço cumpra com suas obrigações”, afirmou.
Segundo o tenente-coronel, os grupos de ações táticas da Sejuc e da PM foram criados sob a cultura de que não se podia adentrar na unidade prisional no período da noite. “Isso não existe. Os policiais militares e os agentes penitenciários são representantes do Estado e têm que estar onde é necessário em qualquer horário. Se na PAMC existe uma quebra da ordem, temos que ir lá e corrigir. O agente penitenciário é um “cuidador” do reeducando, não pode deixá-lo 12 horas encarcerado, passando mal, gritando por socorro à noite e ninguém atendê-lo com desculpa de que não tem segurança. Por isso vamos dissolver os policiais do GIT nos plantões”, explicou.
No entendimento do tenente-coronel Francisco Borges, o GIT não poderia resolver os problemas da PAMC. “Não se pode criar um grupo e achar que os problemas vão ser resolvidos só com uma portaria e um uniforme. Além disto, é necessário criar mecanismos, doutrinas e procedimentos operacionais, coisas que o GIT não tinha”, finalizou. (R.R)