O bom desenvolvimento do bebê está totalmente relacionado aos hábitos alimentares saudáveis adquiridos desde cedo. O alimento mais perfeito e completo que já existiu é o leite materno, e os princípios para uma boa nutrição começam com a amamentação.
De acordo com a pediatra Marjorie Fassanaro, durante os seis primeiros meses de vida do bebê, o leite materno é o principal alimento responsável pela nutrição da criança.
“O leite contém tudo que o bebê precisa, desde proteínas, carboidratos, lipídeos, até vitaminas, minerais, fatores de crescimento, hormônios, células de defesa, entre outros componentes”, ressalta.
Segundo a médica, o leite materno protege o bebê contra doenças agudas (respiratórias e gastrointestinais, por exemplo) e crônicas futuras, como obesidade e diabetes melitus.
“A composição do leite materno também varia ao longo do dia e durante uma mesma mamada, tendo seu sabor e composição modificados de acordo com a alimentação da mãe”, explica a médica.
A pediatra explica que a criança amamentada no peito exclusivamente até os seis meses de vida tem um mecanismo de saciedade bem desenvolvido.
“Isso ocorre primeiro porque a criança mama em livre demanda. Ela dita o ritmo, ela diz quando quer e quando não quer mamar. Segundo porque o leite contém alguns hormônios que são responsáveis pelo mecanismo de saciedade e fome no cérebro. E terceiro porque o leite varia em sua composição ao longo da mamada, aumentando proporcionalmente em gordura no final. Quando a criança para de mamar (excluindo-se, lógico, algum problema na amamentação), é porque já está satisfeita”, ressalta.
Alimentos sólidos
A pediatra ressalta que após os seis meses de vida os alimentos sólidos devem ser introduzidos, pois existe a necessidade de complementar a amamentação com outros alimentos e nutrientes, que não estão presentes no leite materno em proporções suficientes.
“Nessa fase o intestino do bebê já está preparado para receber novos alimentos. Esse é considerado um momento chave. A criança a partir daí terá contato com diferentes sabores, texturas, paladares e sensações e os pais, principalmente, são os responsáveis por essa exposição a esse mundo de alimentos”, explica a médica.
A pediatra Marjorie Fassanaro listou algumas dicas para a alimentação dos pequenos:
• O bebê precisa de exemplo, e de bons exemplos dos pais. De nada adianta forçar o seu filho a comer verduras se você não come. Se falta instituir bons hábitos dentro de casa, esse é o momento. Considere uma revolução a partir daí, se ela já não aconteceu.
• Vamos devagar, porque estamos com pressa. Como qualquer mudança, a introdução de alimentos leva tempo. A criança pode rejeitar o alimento na primeira, segunda ou terceira vez e isso é completamente normal. Ou ela pode simplesmente aceitar tudo e pedir mais. Você vai se surpreender como isso acontece. O importante aqui é respeitar o ritmo do bebê. E cada um tem o seu. Deve-se evitar comparações.
• Observe se o seu bebê está preparado. Ele já senta sozinho? Apoia o tronco? Pega objetos e os leva à boca? Passa objetos de uma mão para outra? Essas habilidades que a criança adquire próximo da idade de 6 meses são indicativos que a criança está pronta para receber alimentos complementares ao leite materno. Um outro reflexo que começa a ser perdido é o reflexo de protrusão da língua. Podemos observá-lo quando colocamos algo na boca da criança ela abre a boca e coloca a língua para fora, como que empurrando o objeto ou alimento.
• Deve-se oferecer uma ampla gama de alimentos, variados e saudáveis. A criança está formando o seu paladar e gostos, e se oferecermos alimentos como verduras, legumes e frutas das mais variadas, a criança estará habituada a esses sabores e melhor será sua aceitação no futuro. A criança precisa provar o amargo, o azedo, o salgado e o doce. Não precisa ter “medo” dela não gostar de limão ou de rúcula, por exemplo. Ela precisa e deve prová-los. No fim, todos somos um pouco seletivos. Comemos o que gostamos. Se pudermos gostar dos alimentos saudáveis e não “sofrer” para comê-los, melhor!
• Deixe o bebê ter uma experiência com os alimentos. A criança deve sentir o sabor, a textura dos alimentos! Deixe-a participar das refeições. Deixe-a pegar os talheres, que devem ser próprios da idade e de formato anatômico, livres de bisfenol A e outros componentes que podem causar alterações no metabolismo. Se ela quiser pegar o alimento, deixe também, desde que respeitando as questões de segurança alimentar.
• O leite materno continuará sendo em livre demanda, porém não exclusivo. Você pode e deve oferecer o peito após as refeições da criança, sem nenhum problema. Não atrapalha a absorção de nutrientes e ao contrário do que muita gente diz, o leite materno não vira água. Os alimentos sólidos são complementares ao leite materno, que continua sendo o alimento principal da criança.