SUSTENTABILIDADE

Energia solar fortalece produção orgânica na comunidade indígena do Anzol

Sistema auxilia na captação de água para irrigação das plantações na comunidade.

Sistema auxilia na captação de água para irrigação das plantações na comunidade - Foto: Divulgação
Sistema auxilia na captação de água para irrigação das plantações na comunidade - Foto: Divulgação

O Conselho Indígena de Roraima (CIR), por meio do Departamento de Gestão Territorial e Ambiental (DGTA), está implementando o Projeto Piloto de “Captação de Água por Energia Renovável” em parceria com a Agência Católica para o Desenvolvimento (CAFOD). O objetivo principal é fortalecer a sustentabilidade das comunidades indígenas em Roraima, sendo a comunidade Anzol, localizada na região do Murupu, uma das beneficiadas por essa iniciativa.

O projeto implementou 8 placas solares para a geração de energia, priorizando a irrigação de roças comunitárias. O engenheiro agrônomo indígena, Giofan Mandulão, do povo Macuxi, que atua no DGTA, destacou o sucesso da experiência na comunidade Anzol, ressaltando a eficácia do sistema simples que utiliza uma bomba de 220 atrelada ao poço conectado ao igarapé Anzol.

Sistema auxilia no fornecimento de energia para captação de água do igarapé – Foto: Divulgação

Recentemente, a equipe do projeto visitou a comunidade e testemunhou os resultados positivos. “É um sistema simples, mas que dá um resultado muito satisfatório. A gente tem uma bomba de 220 que fica atrelada ao poço, e esse poço fica conectado ao igarapé anzol e não seca, e faz essa demanda de irrigação para roça comunitária que é irrigada todos os dias”, destacou Mandulão.

Comunidade Anzol

A comunidade Anzol, que reivindica a demarcação de suas terras, comemora os benefícios do projeto. A coordenadora local de mulheres, Luzileiser Duarte Brito, expressou a satisfação da comunidade e compartilhou planos para o futuro. “Nossos planos são plantar pimenta e banana. A pimenta faz parte da nossa cultura, colocamos na damurida, e quanto à banana, além de consumir, também podemos vender para ajudar na renda da família”, afirmou Luzileiser.

A captação de água por meio de energia sustentável e o cultivo de alimentos representam estratégias fundamentais para garantir a sustentabilidade da comunidade e preservar o meio ambiente, sem o uso de agrotóxicos. No primeiro ano do projeto, foram plantadas 15 linhas de milho e 30 linhas de feijão, resultando em uma colheita bem-sucedida.

Produção orgânica na counidade do Anzol – Foto: Divulgação

Thiago Brito, jovem do povo Macuxi que acompanha o projeto desde o início, enfatiza a importância da irrigação para o cultivo coletivo que beneficia todas as famílias da comunidade. “O projeto de irrigação é importante para nós, beneficia todas as famílias. Hoje eu estava colhendo feijão, mas cada um tem sua parte para colher. Eu acompanho o projeto desde o início, e isso é muito gratificante para nós”, destacou o jovem.

Embora o projeto inicialmente tenha sido voltado para os jovens, ele evoluiu para uma abordagem comunitária, conforme explicou Delwekelenson Bezerra, Tuxaua da comunidade. “É a primeira colheita do projeto que, no início, foi dedicado aos jovens e depois virou comunitário, onde uma parte da roça foi limpa para iniciar a plantação”, concluiu o Tuxaua.

O projeto não apenas promove a sustentabilidade e autonomia das comunidades indígenas, mas também representa uma forma de enfrentar os desafios adicionais que a comunidade Anzol enfrenta devido à falta de demarcação de suas terras. Com aproximadamente 2 mil hectares, a demarcação é uma luta constante para garantir o acesso aos recursos naturais e a preservação do território.

“A luta é constante no território, ficamos fora da demarcação da terra indígena Serra da moça, temos a proibição da caça e pesca, nós ficamos limitados ao acesso às fontes de água como rio, lago e igarapés, a comunidade tem cerca de 2 mil hectares, mas sem fonte de água. E ainda tem a expansão de soja, que tem nos afetado”, desabafou a liderança.

Além da comunidade Anzol, o projeto piloto também está sendo desenvolvido na comunidade indígena Truaru da Cabeceira, reforçando a importância de práticas sustentáveis e energias renováveis para a autonomia e preservação das culturas indígenas em Roraima.