UFRR E IFRR

Coletor de resíduos líquidos pensado e desenvolvido em Roraima recebe patente do INPI

Dispositivo pode ser usado para coleta de materiais industriais, biológicos, em postos de gasolina, entre outras atividades

Márcia Brazão, Fabiana Granja e Derlano Bentes foram os responsáveis pela criação do coletor. (Foto: reprodução/Pablo Felippe/UFRR)
Márcia Brazão, Fabiana Granja e Derlano Bentes foram os responsáveis pela criação do coletor. (Foto: reprodução/Pablo Felippe/UFRR)

Um dispositivo chamado de “coletor de efluentes em profundidade” foi patenteado pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI). O coletor foi desenvolvido por pesquisadores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e Instituto Federal de Roraima (IFRR) que receberam a concessão de carta-patente.

A ideia surgiu de forma conjunta pela professora e pesquisadora da UFRR, doutora Fabiana Granja, com a professora doutora Márcia Brazão e Silva Brandão, servidora do IFRR e na época aluna do Programa em Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte-RR), e o mestre Derlano Bentes Capucho, servidor do Governo do Estado de Roraima e da Prefeitura Municipal de Boa Vista que era aluno do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PROCISA). A tecnologia foi pensada e desenvolvida totalmente em Roraima durante a pesquisa realizada em 2018 dentro dos programas de pós-graduação da universidade, que visava a busca de microrganismos em efluentes – resíduos líquidos de atividades humanas que são descartados no meio ambiente – hospitalares.

A intenção era construir um dispositivo que pudesse adentrar os tanques sépticos de unidades de saúde, mas que evitasse a coleta de matéria que estivesse na superfície. Assim o aparato só iria abrir quando atingisse a profundidade desejável pelo pesquisador ao realizar a coleta.

“Nesse caso, não tínhamos o coletor adequado e achávamos que não seria possível continuar com a pesquisa. Precisávamos de um coletor acessível, que não fosse contaminar, tinha que ser pesado para afundar e abrir na profundidade adequada. Nós tivemos um problema e para resolver inventamos um objeto. Por isso que virou um modelo de utilidade”, explicou Fabiana Granja.

O dispositivo

O dispositivo é composto de material feito de polipropileno e reaproveitável para coleta em profundidade de efluentes hospitalares, industriais, em água de rios, pluviais, poços de água, entre outros.

“O coletor tem múltiplos usos e nós temos dois trabalhos científicos mostrando a sua eficiência. Onde houver a necessidade de coleta em profundidade sem a contaminação dos detritos em superfície ou de evaporação dependendo da situação, ele pode ser utilizado. Desde atividades da indústria de combustíveis, agricultura, aquicultura, controle de qualidade de água, poços artesianos, coleta bacteriológica em profundidade e também medição de efluentes e águas para consumo”, destacou o mestre e inventor, Derlano Capucho, que ficou responsável pelo desenho técnico da tecnologia e testagens.

Trabalho de cooperação

O depósito da patente ocorreu em maio de 2018, fase em que detinham uma expectativa de direito sobre o dispositivo. O trabalho de cooperação realizado pela UFRR e IFRR resultou na concessão da patente que concede às instituições o poder de proteger a inovação contra a reprodução não autorizada, venda, uso, importação ou qualquer atividade relacionada ao produto ou processo patenteado, sem seu consentimento prévio.

“Com a patente, o coletor é um produto das duas instituições por 10 anos. Um dispositivo pensado que passou por todos os trâmites para sua concessão e todo elaborado em Roraima. Eu destaco o trabalho e apoio da Agência de Inovação do IFRR (AGIF/IFRR) com a atuação do professor doutorando Vinicius Tocantins Marques e atualmente da professora doutora Karla Santana Morais que estiveram à frente de todo o processo desde a redação da patente, depósito e acompanhamento das fases posteriores. A maioria dos depósitos não chegam até o final e podemos nos ver como referência em inovação e propriedade intelectual”, avaliou Fabiana Granja.

A UFRR e o IFRR realizaram um acordo de cooperação interinstitucional para a cotitularidade da patente ainda no ano de 2018 firmado no prédio da Reitoria da Universidade Federal de Roraima. Na época, o ato de formalização da parceria foi destacado como a primeira entre as duas instituições com o objetivo de redigir, depositar e manter os trâmites necessários, além do acompanhamento da inovação até a possível concessão da patente para o Coletor em um processo que durou cinco anos.

“Estamos extremamente orgulhosos de receber a Carta-Patente, o que valida o esforço e a dedicação da equipe de pesquisa e inovação das instituições envolvidas. O modelo de utilidade é acessível comercialmente e agora nosso objetivo é divulgar para fazermos a transferência da tecnologia para ela servir ao mercado e a sociedade roraimense”, afirmou a inventora Márcia Brazão e Silva Brandão.