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LOBO DALMADA – sua história real

TODO SANGUE QUE CORRE PELA PÁTRIA É NOBRE” frase de Manuel da Gama Lobo de Almada (D`Almada)

“TODO SANGUE QUE CORRE PELA PÁTRIA É NOBRE”

frase de Manuel da Gama Lobo de Almada (D`Almada).

LOBO D`ALMADA (1745-1799) – Manuel da Gama Lobo de Almada (D`Almada), foi governador da Capitania de São José do Rio Negro (hoje Estado do Amazonas). Em 1789 Lobo D`Almada introduziu o gado bovino e eqüino (cavalos) nas Fazendas São Bento e São Marcos às margens do rio Uraricoera, e depois na Fazenda São José, no rio Itacutú, no vale do rio Branco, atual Estado de Roraima.

Manuel da Gama Lôbo D’Almada, engenheiro militar, cartógrafo e geógrafo, nasceu em Portugal em 1745. E é considerado unanimemente pelos historiadores como o maior governante do período colonial das terras que constituem o atual Estado do Amazonas, ao tempo em que este era denominado de Capitania de São José do Rio Negro (no período de 1755-1821), parte integrante do imenso território colonial lusitano do Grão-Pará e Maranhão, administrado diretamente por Lisboa, capital de Portugal.

Enviado para a Amazônia no posto de Sargento-Mor, Lobo D´Almada comandou a poderosa Fortaleza de São José de Macapá, guardiã da foz do Rio Amazonas – em dois períodos (de 1769-1771 e 1773-1784).

Em seguida foi transferido para outro posto fronteiriço, a Fortaleza de São Gabriel, no alto Rio Negro, lindeiro às terras da Coroa espanhola. Já elevado à patente de Brigadeiro do Exército Real Português, e como prêmio aos seus bons serviços, foi nomeado em 1786, pelo Governador do Grão-Pará, Francisco de Sousa Coutinho, o terceiro governador da Capitania de São José do Rio Negro (hoje o Estado do Amazonas. À época, a capita era a vila/cidade de Barcelos, às margens do rio Negro).

Uma vez investido no cargo em 1788, Lobo D´Almada percebeu de pronto que grande parte do atraso econômico no qual o território vivia então mergulhado, se devia ao fato de a sede da administração da capitania estar situada na vila de Barcelos, na região do médio Rio Negro, distante a muitas léguas do eixo comercial do rio Amazonas, por onde circulavam os bens e serviços trazidos pelos barcos que subiam e desciam o grande rio. Ciente disso, Lobo D´Almada – e aí reside o seu grande feito administrativo – tomou a oportuna medida de transferir, em 1791, a sede do governo para o “Lugar” da Barra do Rio Negro, atual Manaus, à época uma simples aldeia, submetida administrativamente à Câmara Municipal da vila de Serpa (atual Itacoatiara), tal a sua irrelevância.

Em Manaus, Lobo D´Almada devidamente instalado – num casarão do Largo da Trincheira, atual Praça IX (9) de Novembro, onde hoje se ergue o prédio do Museu do Porto de Manaus, – começou as obras de beneficiamento da cidade, com construções de casas melhores, equipamentos industriais pioneiros, criando inclusive o depósito de pólvora onde era armazenada as armas e munições fabricadas ali mesmo.

Lobo D´Almada fez construir um estaleiro para reparo de embarcações, que ficava na praia da Ribeira das Naus, próximo ao Porto-Real, à ilharga da fortaleza.

E, fez mais: Inaugurou uma padaria de pão de arroz moído em atafona movida por bestas (burros de cargas), uma fábrica de pano de algodão em rolos, com 18 teares e 10 rolos de fiar com 24 fusos cada um; cordoaria para fabricação de cordas e amarras de piaçaba e calabres; fábrica de fécula de anil; equipamentos para distribuir água; olaria com excelentes amassadeiras, estendedouros, fornos calcinatórios e de torrefação de telhas e ladrilhos; uma fábrica de velas de cera; um açougue; engenhos para moer cana (…). Para estes estabelecimentos mandava vir de outros lugares da capitania o algodão, arroz, cana, curauá, muriti e cera virgem de abelhas; dos rios Solimões e Negro, mandava buscar o tucum (que produz o colorau, entre outros); e dos rios Mariê, Curucuriau, Padauari, Manauiá e Uaracaá, afluentes do Negro, mandava buscar a piaçaba (que servia, para a confecção de cadeiras, vassouras, entre outras utilidades).

A par de todos esses feitos urbanos, Lobo D´Almada foi ainda o responsável pela introdução de gado bovino e equino no vale do Rio Branco, atual Estado de Roraima (então parte integrante da Capitania do Rio Negro), importando raças rústicas e resistentes de bois e cavalos, vindos das regiões portuguesas do Alentejo e dos Açores, adaptáveis ao clima quente da região. Fez em uma década o que outros não haviam feito em trinta anos.

Tal competência lhe custou caro, entretanto. Sua fama de bom administrador correu o vale amazônico e despertou a inveja de seu superior hierárquico, o Governador Coutinho, do Grão-Pará. Temeroso de que Almada lhe fizesse sombra e mesmo lhe roubasse o posto, Coutinho partiu rumo a Lisboa, a fim de tecer intrigas e inverdades contra seu rival, acusando-o de improbidade. E tanto fez que conseguiu, junto às altas autoridades da Corte, a destituição de Lobo D´Amada do cargo de governador da Capitania do Rio Negro (Amazonas, tendo já como capital a cidade de Manaus).

E, ainda foi obrigado a restaurar a condição de capital a antiga Vila de Barcelos, pondo a perder todo o brilhante trabalho desenvolvido por Almada no Lugar da Barra Manaus), que, desassistida, logo recaiu em novo ciclo de decadência e penúria.

E, para piorar, Lobo D´Almada foi levado de Manaus para Barcelos. E lá o puseram sem nenhuma ajuda, sofrendo de malária e profundamente desgostoso pela injustiça que sofrera, entrou em depressão, triste e melancólico.

Lobo D´Almadafaleceu em Barcelos no dia 27 de outubro de 1799, aos 54 anos de idade, sendo lá mesmo sepultado, na velha igreja Matriz daquela cidade.

Passados 224 anos de sua morte (1779 – 2023), o Amazonas, particularmente Manaus, a terra à qual tanto se dedicou ao longo de boa parte de sua vida, não soube guardar nem sequer os seus ossos, cujo local exato de repouso é desconhecido até os dias atuais. Uma ignomínia, uma afronta à memória desse grande homem, que nem mesmo a aposição de seu nome numa das ruas centrais de Manaus foi capaz de apagar.

Aqui em Boa Vista, há a “Rua Lobo D´Almada”, no Bairro São Francisco, e a “Escola Lobo D´Almada”, no Centro da cidade.