Agentes da Polícia Federal prenderam na manhã de ontem, 24, em nova fase da Operação Lava-Jato, o ex-deputado federal Márcio Junqueira (Pros-RR). A investigação está sob sigilo. Ele foi preso em sua residência em Brasília sob acusação de crime de obstrução de Justiça e organização criminosa.
Márcio Junqueira foi preso preventivamente, apontado como o intermediário dos deputados do Progressistas que estão sendo investigados pela Lava Jato. O ex-parlamentar teria atuado para evitar que um ex-assessor colaborasse com as investigações em andamento no STF.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o ex-parlamentar é apontado como o intermediário do esquema que inclui o pagamento de despesas pessoais, ameaças e até proposta para a mudança do teor de depoimento que incriminaria os alvos da operação de ontem. O objetivo das medidas cautelares é reunir mais provas de que houve atuação para compra de silêncio.
Em um de seus depoimentos, o ex-assessor teria detalhado que recebia o pagamento em espécie e quem repassava o dinheiro era Junqueira. O depoente precisou entrar no programa de proteção a testemunhas.
A operação deflagrada ontem, além do mandado de prisão de Márcio Junqueira, teve ainda o cumprimento de oito mandados de busca e apreensão nas casas e nos gabinetes do deputado Eduardo da Fonte (PP/PE) e do senador Ciro Nogueira (PP/PI), presidente nacional do partido. Eles têm foro privilegiado, mas já foram denunciados ao Supremo Tribunal Federal por organização criminosa no inquérito conhecido como “quadrilhão do PP”. Os mandados foram autorizados pelo ministro do STF, Edson Fachin.
No STF, Ciro Nogueira é alvo de seis inquéritos no âmbito da Operação Lava Jato. Entre as acusações, ele é suspeito de ter recebido pelo PP R$ 42 milhões da J&F para que o partido apoiasse a reeleição de Dilma em 2014. Ciro está fora do país e, além disso, não foi contatado por sua defesa, segundo o advogado Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay. O advogado disse que, além disso, desconhece as razões das buscas, mas que o senador está à disposição para prestar os esclarecimentos que a Justiça considerar necessários.
OUTRO LADO – De acordo com o advogado Pedro Duque, que faz a defesa do ex-deputado Márcio Junqueira, um pedido de reconsideração está sendo preparado pela defesa do ex-parlamentar para ser ajuizado no Supremo Tribunal Federal (STF).
“Haja vista que foi uma prisão cautelar, o ministro Edson Fachin [relator da Operação Lava-Jato] pode reconsiderar a prisão, se a única prova que existe é a fala de um delator”, disse o advogado, ressaltando que ainda não teve acesso aos autos, mas que profissionais em Brasília estão acompanhando o caso.