Cotidiano

Casos notificados de malária aumentaram 56% em Roraima

Em 2016, foram notificados 8.969 casos; no ano passado, saltou para 14.075; neste ano, já foram notificados 6.241 casos

Em um ano, houve o aumento de 56% no número de casos notificados de malária em Roraima, segundo dados levantados na última semana na Reunião de Avaliação do Programa Estadual de Controle da Malária pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).

Conforme o relatório, foram registradas 8.969 notificações da doença em 2016. O número subiu para 14.075 notificações em 2017. As contabilizações até abril deste ano chegam próximo aos números registrados em 2016. Até 15 de abril deste ano, foram 6.241 casos notificados, sendo 3 mil deles em pacientes oriundos da Venezuela.

Separando por municípios, Boa Vista foi a cidade com o maior número de notificações nos três períodos. Foram 2.369 em 2016; 3.672 em 2017 e 1.639 em 2018. Já Rorainópolis, Caracaraí e Cantá foram os municípios que tiveram maior disseminação da doença de um ano para o outro.

Segundo a gerente do Núcleo de Malária da Sesau, Dulcinéia Barros, os números são preocupantes, porém, o Estado sempre exibiu altos registros da doença em seu território por conta das suas particularidades. “A malária tem os fatores que contribuem para a sua transmissão, haja visto que Roraima está situado em uma área endêmica, a presença do vetor, as atividades desenvolvidas pelas pessoas, a exposição ao mosquito e, nesse caso, a imigração também está contribuindo, o que acarreta uma sobrecarga no sistema de saúde local”, afirmou.

No caso dos municípios com maior incidência, a gerente explicou que as localidades também têm áreas receptivas para a doença. “São áreas de fronteira agrícola, onde as pessoas estão trabalhando, áreas de igarapés e lagos”, citou.

Dulcinéia afirmou que o Estado se planeja com base nos registros das notificações. Ou seja, em 2017 se planejou para a mesma quantidade de casos do ano anterior, quando no final houve quase o dobro de casos. “O sistema de saúde tem o seu limite, precisa de mais recursos para poder fazer seu trabalho. Pedimos auxílio de insumos, de vacinação, inseticidas, mais teste rápido ao Ministério da Saúde e fomos atendidos”, afirmou.

A gerente explicou que os materiais são encaminhados aos Estados e o Governo reencaminha o material para os municípios. Além disso, a Coordenadoria de Vigilância em Saúde também atua na capacitação de agentes de endemias e agentes comunitários de saúde, médicos e bioquímicos, que trabalham nas áreas de risco de contaminação da doença para melhor atendimento dos pacientes e a promoção de reuniões com os gestores municipais para saber das necessidades de cada localidade.

MEDIDAS DE PROTEÇÃO – A gerente do Núcleo Estadual de Malária ressaltou que uma das melhores maneiras de se prevenir é sempre procurar um médico ao perceber os primeiros sintomas, como febre alta, calafrio, falta de apetite, acompanhado de enjoo, vômito e dor de cabeça.

“Tem que se buscar o diagnóstico rápido porque a pessoa que já começa a fazer o tratamento, deixa de transmitir a doença, já que a forma de transmissão principal da doença é por meio da picada do mosquito. Se o mosquito picar uma pessoa doente e seguir para outra, essa pessoa pode ser infectada”, explicou.

Para as pessoas que trabalham ou moram na área rural, a orientação é sempre usar o mosquiteiro. “A indicação é que as pessoas utilizem o mosquiteiro de rede e de cama e levem consigo se forem pernoitar no local”. Outro ponto é seguir o tratamento até o final, com o medicamento disponibilizado gratuitamente em todas as unidades básicas de saúde. (P.C.)

Município/Ano 2016 2017 2018
(até 15 de abril)
Alto Alegre 1.225 823 121
Amajari 919 441 142
Boa Vista 2.369 3.672 1.639
Bonfim 42 45 49
Cantá 134 1.620 583
Caracaraí 376 1.627 485
Caroebe 249 127 37
Iracema 145 602 89
Mucajaí 619 747 149
Normandia 5 4 5
Pacaraima 1.444 1.250 1.544
Rorainópolis 831 2.955 1.268
São João da Baliza 488 91 94
São Luiz 50 46 25
Uiramutã 73 25 31
Fonte: Secretaria Estadual de Saúde (Sesau)=

Dia D terá palestras e debates

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu 25 de abril como o Dia Mundial de Luta contra a Malária, durante a 60ª Sessão da Assembleia Mundial. O objetivo da data é promover conhecimento sobre a doença e despertar a atenção das pessoas, governantes e profissionais que atuam na área da saúde e da comunidade para uma doença que atinge milhões de pessoas em todo o mundo. Em 2018, o tema da data é “Prontos para Vencer a Malária”.

Em Roraima, a Sesau organiza palestras na Universidade Federal de Roraima, Universidade Estadual, Centro Universitário Estácio da Amazônia e Faculdades Cathedral, como uma forma de fortalecer a pesquisa sobre o tema e convocar a sociedade civil organizada para atuar junto com o poder público.

“As associações, as universidades, cooperativas, todos tem que estar unidos na busca e controle da malária. De alguma forma, as pessoas podem estar participando desse combate. A gente não deve esperar só e somente só do poder público”, completou Dulcinéia. (P.C.)