Dois dias após a Justiça do Rio de Janeiro destituir Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF, o presidente da FRF (Federação Roraimense de Futebol), Zeca Xaud, divulgou nota em que manifesta “incondicional apoio” ao dirigente.
Decisão judicial anulou a eleição que levou Rodrigues ao cargo máximo da entidade em 2022 e determinou que o presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), José Perdiz, seja o interventor na Confederação até a convocação de novo pleito.
Presidente da FRF desde a década de 1970 e o mais longevo do Brasil, Xaud disse que o momento do futebol brasileiro, especialmente para o do Norte e Nordeste, é de “mudanças positivas” e considerou que Ednaldo Rodrigues foi eleito na maior votação unânime da história da CBF.
“A FRF respeita a decisão do TJD-RJ, mas reitera o total e incondicional apoio à Ednaldo Rodrigues neste momento. Acreditamos e confiamos na gestão executada pelo mesmo, por seguir pautada pela ética, transparência e igualdade à todos. Com isso, esperamos que o futebol brasileiro continue progredindo, fortalecendo a união entre clubes, federações e torcedores”, afirmou ele, que espera que Rodrigues volte ao cargo.
Sob a gestão Ednaldo Rodrigues, Roraima foi um dos estados que ganhou a inédita segunda vaga na Copa do Brasil 2024 – concedida ao atual vice-campeão roraimense GAS. No ranking nacional de federações para o ano que vem, divulgado nessa sexta-feira (8), a FRF aparece estável em 24º.
Essa colocação é impulsionada pelo desempenho do representante local em competições nacionais, São Raimundo, que em 2023, chegou de forma inédita às segundas fases da Copa do Brasil e da Copa Verde. Por conta dos resultados, o time alviceleste subiu da 73ª para 67ª posição no ranking nacional de clubes de 2024.
Entenda a destituição na CBF
A Justiça do Rio julgou a legalidade de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado pela CBF e pelo Ministério Público do Rio em março de 2022. Naquela época, o TAC permitiu que a Assembleia Geral da entidade elegesse Ednaldo Rodrigues para comandá-la.
O acordo foi firmado porque o MP-RJ considerava ilegais as regras que regiam a eleição na confederação brasileira. Isso porque uma mudança no estatuto da entidade, em 2017, estabeleceu pesos diferentes para os votos praticados por federações e clubes das Séries A e B. Na prática, bastava as federações votarem em conjunto para definir o presidente.
Foi sob essa regra que Rogério Caboclo, indicado pelo presidente afastado Marco Polo del Nero, elegeu-se presidente da CBF naquele ano. E ele tinha entre um de seus vices o próprio Ednaldo Rodrigues, que acabaria assumindo o comando da entidade de forma interina quando Caboclo foi destituído, em meio a denúncias de assédio – que ele sempre negou e pelas quais foi inocentado na Justiça.
Opositores de Ednaldo tentaram barrar a eleição de março de 2022 alegando que o TAC fora assinado por ele, como presidente interino, e serviu para referendar uma eleição que o tornaria presidente de fato. Na quinta-feira, a Justiça fluminense acatou o pleito.
Em meio a essa movimentação na Justiça, que teria entre os articuladores cartolas afastados pela Fifa, na semana passada a entidade máxima do futebol mundial enviou uma notificação à CBF alertando que a confederação poderia ser suspensa caso Ednaldo Rodrigues fosse afastado “por influência indevida de terceiros”.
Consequência
A Fifa e a Conmebol, que gere o futebol sul-americano, reiteraram o alerta, em resposta a consultas realizadas pelo secretário-geral da CBF, Alcino Reis. Caso a suspensão seja levada adiante, uma das primeiras consequências práticas pode ser a exclusão do Fluminense do Mundial de Clubes, marcado para este mês na Arábia Saudita.
*Com informações do Estadão Conteúdo