SAÚDE PÚBLICA

Idosa morre no HGR e filho denuncia suposto descaso médico

O denunciante informou que sua mãe está internada no HGR há mais de 20 dias  (Foto: Divulgação)
(Foto: Arquivo)
O denunciante informou que sua mãe está internada no HGR há mais de 20 dias (Foto: Divulgação) (Foto: Arquivo)

Uma idosa de 89 anos morreu enquanto estava internada no Hospital Geral de Roraima (HGR), na tarde desse domingo (10). O filho dela procurou a Folha para denunciar um suposto descaso por parte da equipe do hospital. De acordo com ele, os funcionários tiveram “uma certa resistência” para dar prosseguimento ao tratamento da mãe.

Segundo Marcelo André Castelo Branco, a mãe Maria Idália Brasil deu entrada no HGR no dia 25 de novembro deste ano, após ter sofrido um acidente em casa e fraturado o fêmur. No hospital, a idosa passou por diversos exames para realizar a cirurgia; entretanto, os primeiros resultados indicaram uma pneumonia, o que impossibilitava a realização do procedimento médico.

Posteriormente, outros exames apontaram anemia, que teria sido tratada com bolsas de sangue. No entanto, no dia seguinte, a senhora apresentou sintomas de icterícia (sua pele começou a ficar amarela). Marcelo afirma que solicitou que sua mãe fosse transferida para a área clínica do hospital, mas isso não teria sido feito.

De acordo com o boletim de ocorrência registrado por André, um dos médicos disse que a família deveria “aceitar a transição, pois Maria Idália já estava com todas as comorbidades comprometidas e não havia nenhuma possibilidade de fazer cirurgia”.

Posteriormente, Maria Idália foi diagnosticada com câncer no pâncreas e foi transferida para a área verde (quando o usuário pode esperar atendimento ambulatorial, com prioridade sobre o não urgente), pois os médicos alegaram que o seu caso não era urgente, já que a equipe informou que em seu estado não poderia mais ser operada.

“Eu queria mostrar o que estão fazendo no HGR. Eu sinto que ela foi levada a fazer a transição sem ela querer. Trata-se de uma situação delicada, especialmente para as pessoas idosas e aquelas em estado terminal, que têm menos chances de viver. Elas têm o direito à vida, mas parece que estão tentando retirar essa oportunidade”, disse Marcelo.

Um dos episódios relatados foi quando a sua mãe teria tido uma reação logo após a aplicação de um remédio. Na ocasião, a idosa teria se contorcido e gritado de dor, “até que a equipe médica retirou o remédio, mas não adiantou, porque em seguida a senhora teve um AVC e ficou em estado vegetativo”, contou.

Após a situação, Marcelo conta que tentou descobrir o motivo da reação, mas não foi possível. “A gente não conseguiu nem descobrir que remédio foi esse que deram, porque eles sumiram com a ficha juntamente com o nome da substância”, relatou.

“É compreensível que o hospital esteja lotado, o que pode dificultar o atendimento adequado a todos. No entanto, acredito que o mínimo que deveriam fazer é garantir um tratamento digno para cada pessoa, e não fazer este descaso todo”, completou.

Marcelo afirmou que registrou um boletim de ocorrência contra a equipe médica do HGR e pretende dar continuidade ao caso, buscando justiça pela sua mãe.

Outro lado

Procurada, a Secretaria de Saúde (Sesau), informou que o caso será apurado e encaminhado ao
Conselho Regional de Medicina para adotar medidas compatíveis com a conduta e ética
médicas. Confira a nota completa na integra:

“A Secretaria de Saúde informa que a família deve formalizar a denúncia na Ouvidoria do
Hospital Geral de Roraima Rubens de Souza Bento.

Com isso, o caso será devidamente apurado na esfera administrativa e encaminhado ao
Conselho Regional de Medicina para adotar medidas compatíveis com a conduta e ética
médicas.

E, administrativamente, serão adotadas as medidas previstas no regimento da unidade
hospitalar.

É importante destacar ainda que até o momento também não foi registrada nenhuma
reclamação acerca do caso junto à direção geral do HGR”.