Há 13 anos, Samuel José Perez, mais conhecido como José Passos, desembarcava em Boa Vista, trazendo consigo a bagagem de sua paixão pelo hip-hop, música e produção cultural. Nascido na Venezuela, o MC construiu sua trajetória artística desde os 8 anos, quando teve o primeiro contato com o gênero que moldaria sua vida.
“Minha primeira música eu escrevi com 8 anos, para minha mãe. Em casa, meus pais tinham muitos CDs, e ocasionalmente eu encontrei um CD de rap, de um grupo chamado Quarto Poder. Escutando aquele disco, me senti altamente atraído por aquele som e comecei a encaixar as palavras”, relembra Passos sobre o início de sua jornada musical.
O caminho do hip-hop o acompanhou durante sua infância na Venezuela, mas foi em Roraima que ele reencontrou seu propósito artístico. Aos 14 anos, em Pacaraima, participou de um projeto escolar que envolvia rap, uma experiência que marcou seu reencontro com a música que o cativou na infância.
“Na escola com 14 anos, através de uma professora de português, participei de um projeto em dupla e fiz rap. Foi um reencontro com aquilo que senti enquanto criança, agora com uma ótica diferente, com as questões e dúvidas de adolescente”, compartilha o músico.
Passos destaca que sua jornada no hip-hop não foi isenta de questionamentos sobre o futuro da carreira artística. “Desde que eu fiz a primeira música, eu gostava de rimar, e isso foi virando uma questão enquanto eu crescia. O que eu ia fazer com isso? Isso dá dinheiro? E meus pais não sabiam me orientar muito bem. Eu só sabia que gostava muito, e quando eu decidi vir para Boa Vista, esse questionamento ficou ainda maior, por ter que construir tudo do zero”, explica.
O artista não apenas traz suas vivências na música, mas também compartilha suas inspirações e o significado de suas rimas ao longo das diferentes fases de sua vida. Desde o afeto pela família na infância até as reflexões sobre o mundo e o enfrentamento da ansiedade e depressão na adolescência, José Passos expressa sua filosofia de vida através do hip-hop.
“Entender que a gente está aqui nesse plano para aprender e nada é por acaso. Hoje minhas rimas falam sobre isso e sobre Boa Vista. Eu vivo os lugares. A minha arte não é só o produto final, é minha vivência”, conclui o músico, cuja jornada musical continua a ser escrita em cada verso, revelando as nuances de sua própria história e a cidade que agora chama de lar.