POLÍTICAS PÚBLICAS

Artistas de Roraima aprovam retomada do Ministério da Cultura

Lei Aldir Blanc 2 injetará R$ 3 bilhões anuais até 2027

Equipe do MinC em Roraima ao realizar encontro com artistas (Foto Marley Lima ALE RR)
Equipe do MinC em Roraima ao realizar encontro com artistas (Foto Marley Lima ALE RR)

Em 2023, o MinC retoma seu status de Ministério e inicia uma série de medidas para recuperar a força das políticas culturais, principalmente aquelas de caráter regionalizado, que favorecem os artistas do Norte e Nordeste.
Nesse mesmo ano, os artistas em todo o Brasil comemoraram o lançamento regular de editais federais, quase um por semana. São editais de fomento, de leis emergenciais, prêmios, concursos, projetos culturais e leis de incentivo regionalizadas que atendem a várias linguagens artísticas na promoção cultural em todo o país.
Lei Paulo Gustavo
A Lei Paulo Gustavo (nº 195/2022) foi uma conquista da classe cultural em meio a ausência do MinC nos anos anteriores. Somente ela, viabiliza o maior investimento direto no setor cultural da história do Brasil: R$ 3 bilhões e 862 milhões para a execução de ações e projetos em todo o território nacional. O edital Prêmio Pontos de Leitura 2023 é outro exemplo de sucesso que vai disponibilizar R$ 9 milhões, divididos em 300 prêmios.
Aldir Blanc
O crédito especial aprovado para a Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), conhecida como Aldir Blanc 2, injetará R$ 3 bilhões anuais até 2027.
Lei Rouanet
A Lei Rouanet disponibiliza mais de 1 bilhão para projetos de todo o Brasil e a Lei Rouanet Norte tem 24 milhões provenientes de renúncia fiscal dos bancos públicos para artistas amazônicos. Ressalta-se que o MinC retorna com seis secretarias: Cidadania e Diversidade Cultural; Direitos Autorais e Intelectuais; Economia Criativa e Fomento Cultural; Formação, Livro e Leitura; Audiovisual; Comitês de Cultura. Os pontos de cultura também serão retomados e serão criados comitês de cultura em cada estado, responsáveis, dentre outras ações, pelo mapeamento da cultura.
MinC

O MinC atua na concepção de cultura articulada em três dimensões: simbólica, cidadã e econômica. As iniciativas são muitas e, dentre elas, a implementação dos Escritórios Regionais do MinC em cada estado, que é uma contribuição para que as políticas regionalizadas ganhem fôlego.
A representante do escritório do MinC em Roraima, Flávia Bezerra, explica que o desafio do MinC é garantir a execução da política nacional de cultura e a proteção e promoção da diversidade cultural, da proteção do patrimônio histórico, artístico e cultural. “Todos perceberam que o MinC retomou suas atividades com força total. Tem trabalhado para garantir o desenvolvimento e implementação de políticas e ações de acessibilidade cultural e formulação e implementação de políticas, programas e ações para o desenvolvimento de diversos setores da cultura”, destacou.


Artistas de Roraima aprovam ações dedicadas à cultura
O artista visual, Ricks Aguiar, que coordena o coletivo Maku-X, explica que ter um escritório do MinC em Roraima é muito importante para a cultura Hip Hop e cultura urbana local. “Ter um contato com o MinC é um privilégio muito grande para os artistas, é nossa ponte”, comemorou.
Evandro Wapichana, gestor e consultor cultural de cinco associações indígenas no contexto urbano, diz que é grande importância a criação do escritório do MinC em Roraima. “É a referência para nós povos indígenas, onde podemos apresentar nossas demandas, dos pontos de cultura, de projetos e iniciativas. É importante efetivar as políticas culturais em nosso estado, pois temos aqui uma grande densidade de povos indígenas”, enfatizou.
Carolina Uchôa, gestora cultural, aponta que a cultura brasileira tem respirado aliviada com a retomada do Minc. Ela diz que esse é um novo tempo de esperança e ampliação de espaços para toda uma cadeia produtiva que está interligada e comprometida com os fazeres culturais e seus imensos tentáculos, gerando empregos, renda, trabalho, mas, sobretudo, resgatando a dignidade em diversos setores e classes sociais.
O cineasta Thiago Bríglia, avalia que a retomada do MinC representa o retorno das políticas públicas descentralizadas para promoção das artes e distintas manifestações culturais deste país tão plural. “Com a criação das representações do MinC, o Governo Federal se faz presente de maneira mais próxima dos fazedores culturais, além de estimular os governos estaduais e prefeituras municipais com pouca tradição em política cultural, como em Roraima, a executarem ações que beneficiem todos os segmentos”, pontou.
O cantor, músico e compositor, Neuber Uchôa, analisa que Roraima é o estado com menos força política cultural, proporcionalmente. “Isso diz muito sobre a nossa formação e nossos resultados gerais. Isso precisa mudar”. Uchôa, que juntamente com o Trio Roraimeira, recebeu a Ordem do Mérito Cultural, maior honraria concedida no campo da cultura no país, com seus quase 40 anos produzindo cultura regional, explica que a representatividade do Minc in loco é importante para enfrentar essa invisibilidade, natural de lugares mais distantes dos grandes centros.