JESSÉ SOUZA

Projeto na Vila Serra Dourada resgata potencial de crianças e jovens da área rural

Grupo Folclórico Vibração Dourada trabalha a inclusão social por meio da arte e da cultura na zona rural de Mucajaí (Foto: Divulgação)

Assim como os demais municípios roraimenses localizados no interior de Roraima, um dos desafios no Município de Mucajaí é garantir oportunidades para que crianças e adolescentes fujam da ociosidade e possam ser inseridos em uma realidade que favoreça a inclusão social. Por lá, tem sido colocado em prática um projeto que tem o papel de resgatar o potencial artístico cultural de crianças e jovens da área rural, os quais são os mais fragilizados quando se trata de exclusão social e falta de oportunidades.

Foi com esse propósito que surgiu o Grupo Folclórico Vibração Dourada na Vila Serra Dourada, localizada na Colônia Almirante Tamandaré, o qual desenvolve ações de envolvimento social, cultural e teatral com crianças e jovens daquela região e adjacências desde 2022, logo após a pandemia. Naquele momento, havia um índice elevado de ocorrências de violência entre crianças e adolescentes no meio rural, além do trabalho infantil e uso de entorpecentes.

O Grupo Vibração Dourada foi idealizado por Josyane Oliveira, uma indígena nascida na comunidade Flexal, no Município de Uirmutã, mas que reside na Vila Serra Dourada, área rural de Mucajaí, desde 2010. Ela observou que havia a necessidade de maior envolvimento social e identificou que uma grande capacidade artística da juventude local que precisava ser explorada em prol da própria comunidade para enfrentar uma realidade de muitos desafios.

Foi aí que ela reuniu algumas crianças, amigas dos filhos dela, para criar um atrativo que promovesse ações de envolvimento social, cultural e teatral com crianças e jovens da região, sem qualquer recurso financeiro e sem apoio, a não ser a vontade de promover algo que pudesse oferecer oportunidades para quem mora naquela localidade, onde geralmente o poder público não consegue chegar.

Conforme Josyane, a ideia foi aceita por todos e ganhou força, conseguindo contar com a participação de toda comunidade da Serra Dourada e arredores, conseguindo elevar o nível intelectual das crianças e adolescentes envolvidos, sempre tendo como regra a permanência em sala de aula e o bom desempenho escolar. E foi assim que o grupo conseguir se organizar e conquistar credibilidade junto à comunidade, que se tornou a principal aliada do projeto.

Os figurinos, decorações e os eventos são produzidos pelos integrantes do grupos, com apoio de parceiros e colaboradores, os quais promovem eventos, bingos e rifas para angariar recursos a fim de manter o projeto, que hoje conta com 50 integrantes direta e indiretamente. Hoje Tamandaré não é só agricultura familiar, voltada para cultura anuais, como milho, macaxeira, mandioca e banana. Também é cultura, arte e ações sociais.

Como Mucajaí está descobrindo sua vocação turística, não só a partir da Encenação da Paixão de Cristo, como recentemente das cachoeiras como atrativo natural para um público cada vez mais ávido pelas belezas naturais, a população visualizou que turismo e cultura precisam caminhar de braços dados. E esse projeto do Grupo Vibração Dourada representa mais um reforço nas áreas artística e cultural daquele município para somar ao Turismo.

O mais importante é que esse projeto representa para crianças, adolescentes e jovens da zona rural uma porta aberta para acessar novos mundos e garantir melhores perspectivas de vida, tendo no turismo uma real possibilidade de emprego e renda. É por isso que essas ações precisam ser abraçadas não apenas pela comunidade, mas também pelos atores sociais e as autoridades de uma forma geral.

*Colunista

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