Política

ALC beneficia 3.800 empresas que movimentam R$ 11 milhões anuais

Quando foi instalada em 2008, a Área de Livre Comércio de Boa Vista tinha apenas 630 empresas que faturavam R$ 300 mil ao ano

Para quem ainda não acredita que a Área de Livre Comércio (ALC) de Boa Vista oferece vantagens para os empresários locais e bons preços para os consumidores, o coordenador da Área de Livre Comércio de Boa Vista, que também é superintendente regional da Superintendência da Zona Franca (Suframa) em Roraima, Joel Cruz, apresentou números que apontam o crescimento da modalidade econômica no Estado. “A ALC é uma realidade no comércio de Boa Vista”, afirmou.
Desde sua instalação, em outubro de 2008, a ALC de Boa Vista vem agregando empresas e arrecadando divisas para o Estado. No início, era um pouco mais de 630 empresas cadastradas na Suframa, o que representava um faturamento de aproximadamente R$ 300 mil anuais. Pouco mais de seis anos de instalada, a ALC conta com mais de 3.800 empresas cadastradas que, juntas, proporcionam uma renda de mais de R$ 11 milhões anuais.
“Essa arrecadação é referente a 0,01% sobre o valor da nota fiscal de taxa de serviço administrativo, que é cobrado do empresário que recebe o benefício de isenção dos impostos de IPI, ICMS, PIS e Cofins”, afirmou  Cruz ao frisar que os benefícios podem ser vistos no comércio local, que apresenta preços competitivos e até mais baratos que em grandes centros do País.
“Se o consumidor for comparar preços de alguns produtos pela internet, vai perceber que determinados produtos estão bem mais baratos aqui que em outros estados”, complementou. Os produtos vão de eletroeletrônicos a material de construção e vestuário, que contam com isenção de impostos e são vendidos de 30% a 35% mais baratos que em estados que não têm o beneficio da ALC.
Sobre comentários de que alguns empresários estariam tendo acesso aos benefícios em alguns produtos e que estariam deixando de repassar para os consumidores, como TVs e celulares, o coordenador disse que desconhece esse procedimento. “Não acredito que isso possa existir, até porque, o comércio é competitivo e quem não tiver bons preços, deixa de vender”, disse. “Isso aconteceu no início. Como havia poucas empresas inscritas, alguns empresários não estavam repassando o desconto. Mas, como a ALC cresceu, os empresários passaram a adotar o desconto e o preço da mercadoria começou a cair”.
Ele afirma que com a ALC, o empresariado de Roraima aprendeu a preocupar-se com o benefício que pode ter e passou a brigar por ele. “Em todo novo sistema existe relutância para quem vai vender e conceder os benefícios
Área de Livre Comércio ainda precisa de ajustes
O coordenador da Área de Livre Comércio de Boa Vista, Joel Cruz, disse que o grande problema para que a ALC possa apresentar mais eficiência é a falta de pequenos ajustes. Ele destacou uma parceria com a Junta Comercial para fazer um enxugamento da relação das empresas que estão em atividade no mercado local e saber efetivamente o número real de empresas no Estado e quantas ainda não estão cadastradas na Suframa.
“Como todo mecanismo de desenvolvimento, a ALC requer ajustes para expandir os benefícios. Mas seria necessário que todos os empresários de Boa Vista fossem cadastrados na Suframa e assim poderem apresentar mais competitividade de preços no mercado”, frisou.
Para dar mais mobilidade e facilitar a vida do empresariado, Cruz disse que propôs disponibilizar um servidor da Suframa na Junta Comercial. “Desta forma, o empresário sairia da Junta Comercial já com sua empresa cadastrada junto à Suframa e podendo gozar de todos os benefícios e com poder de competir com os demais empresários. Vamos tentar retomar essa iniciativa”, ressaltou.       
Outro ponto destacado pelo coordenador se trata da expansão da área de atuação. Segundo ele, um primeiro contato já foi mantido com a nova equipe do Governo do Estado. “Existem algumas situações no Estado que são conflitantes e que podem ser resolvidas com a expansão da ALC. Como exemplo, ele citou o fato de o arroz importado ser mais barato que o plantando aqui. Isso acontece porque nosso arroz é produzido numa área fora da ALC, fazendo com que o arroz de fora chegue mais barato”, explicou.
Joel Cruz lembrou que existem duas áreas de livre comércio no Estado, a de Boa Vista e a de Bonfim, e que um dos produtores de arroz está bem no meio das duas ALCs, no Município do Cantá. “Como temos várias áreas produtivas nos municípios de Cantá, Mucajaí e Alto Alegre, o ideal seria expandir essa área sobre a parte produtiva de grãos e haveria um incremento melhor para que as indústrias pudessem se instalar nessa área”, frisou.
Outro exemplo citado foi o caso da soja, que tem duas colheitas anuais no Estado e não tem nenhuma indústria de médio porte para beneficiar esse produto com a extração do óleo. “A Venezuela é nosso principal consumidor de óleo de soja e seria possível com a expansão da ALC”, disse.
DISTRITO – Na visão do coordenador da ALC de Boa Vista, um ponto que deveria ter mais atenção por parte do Governo do Estado é a ocupação do Distrito Industrial. Segundo Joel Cruz, o governo deveria fazer uma triagem das indústrias que estão instaladas na área e repassar a administração do local para a Suframa.
“Alguns empresários têm me procurado para se instalar no Estado e, quando ficam sabendo que o Distrito Industrial é administrado pelo governo, resolvem ir para Manaus [AM], onde o Distrito Industrial é administrado pela Suframa. Como em Roraima é administrado pelo Governo do Estado, alguns empresários não veem isso com bons olhos”, frisou.       
Segundo ele, repassar o Distrito para o controle da Suframa seria o ideal, mas ressaltou que ainda não houve nenhum entendimento neste sentido. “Seria o ideal, já que alguns empresários têm receio devido à constante troca de governo e as mudanças de trabalho de cada um. Não existe uma política de Estado voltada para a instalação de empresas no Distrito Industrial, que muda a cada governante”, frisou.