No dia 29 de setembro, Antônia Araújo Sousa, mãe da filha do ex-senador Telmário Mota, foi assassinada com um tiro na cabeça no bairro Pintolândia, zona Oeste de Boa Vista. O crime, inicialmente sem suspeitos, ganhou notoriedade por envolver o político, que já havia sido acusado de tentativa de estupro pela própria filha em agosto do ano passado.
De acordo com relatos obtidos pela Folha BV, Antônia estava em um carro com uma parente quando um homem em uma motocicleta se aproximou, chamou pelo seu nome e, após a resposta, efetuou o disparo e fugiu. Veja vídeo:
Um mês após o crime, no dia 30 de outubro, a Polícia Civil de Roraima deflagrou a Operação Caçada Real, com o intuito de prender o ex-senador e mais três pessoas suspeitas de envolvimento na morte de Antônia.
No mesmo dia, a Polícia Militar de Goiás prendeu Telmário Mota, que estava foragido. O político foi acusado de ser o mandante do assassinato de Antônia. Outras prisões seguiram, incluindo Leandro Luz da Conceição, apontado como o executor, e Cleidiane Gomes da Costa, assessora do ex-senador.
No mesmo dia, a Polícia Civil de Roraima prendeu, Leandro Luz da Conceição, o suspeito de efetuar o disparo que matou Antônia, e aplicou medidas cautelares com tornozeleira eletrônica à assessora do político, Cleidiane Gomes da Costa.
Em coletiva, a Polícia Civil de Roraima e o Ministério Público divulgaram detalhes da investigação, indicando Telmário como suspeito principal. O delegado João Evangelista destacou desentendimentos recentes entre a vítima e o político, apontando para um planejamento meticuloso do crime.
Segundo a polícia, a assessora de longa data do ex-senador confirmou o vínculo entre Mota e o crime.
“A motivação para o assassinato parece estar relacionada aos desentendimentos entre a vítima e o suspeito nos últimos 12 meses, devido a um processo criminal em andamento, no qual ela seria uma testemunha chave. O ex-senador estava monitorando a vítima antes da execução e o crime foi planejado e teve até treinamento”, explicou o delegado João Evangelista, responsável pela investigação.
“Há rumores, nos bastidores da política, da polícia, inclusive da imprensa, que a Polícia Civil está organizando minha prisão. Qual motivo vão me prender? Desde quando honestidade tem que ser penalizada exatamente com a prisão? Tudo isso porque combato a corrupção no meu Estado?”, indagou.
Harrison Nei Correa Mota, sobrinho de Telmário, também foi apontado como peça-chave no planejamento. Após dias foragido, ‘Ney Mentira’, como é conhecido, se entregou às autoridades no dia 8 de novembro.
Durante entrevista à FolhaBV, Ney disse que a motocicleta usada no crime custou R$ 4 mil e ganhou uma comissão de R$ 500, além de que Cleidiane o teria informado que o veículo iria para o interior de Roraima. O suspeito também disse que não se entregou à polícia antes porque não tinha advogado.
Em dezembro, Telmário Mota teve sua prisão temporária convertida em preventiva pela Justiça de Roraima. A decisão visa garantir o andamento das investigações, considerando a influência política do ex-senador.
O político, que nega envolvimento nos crimes, está detido na Cadeia Pública de Boa Vista. Medidas cautelares, como tornozeleira eletrônica, também foram mantidas para os outros envolvidos.