A família de Raimundo Silva de Souza, 61 anos, internado na área amarela em uma mini Unidade de Terapia Intensiva (UTI) no Hospital Geral de Roraima (HGR) acionou a Folha para denunciar a qualidade do atendimento da unidade de saúde. Os familiares afirmam que o quadro do paciente piorou em poucos dias devido a uma bactéria contraída no hospital.
Segundo o irmão de Raimundo, Joaquim Onix, o paciente teve um acidente de motocicleta há cerca de 20 dias, vindo do interior do Estado. Na ocasião, Raimundo fraturou a coluna e teve que ser levado ao HGR, mas ligou aos parentes que moram em Santarém, no Pará, para tranquilizá-los. “Ele se acidentou de moto, vindo de uma colônia. Caiu, teve uma fratura na coluna, mas conversava bem, estava lúcido”, contou.
No entanto, cinco dias depois, contraiu pneumonia e uma bactéria que atingiu os rins e os pulmões. Consequentemente, a situação do paciente se agravou. “Ele passou muitos dias sem tratamento. Depois que avisaram a gente que a situação piorou. Falaram que a bactéria atingiu os pulmões dele e no rim tá inchando. Só está vivo porque ele tem muita resistência, está preso aos aparelhos”, lamentou Joaquim.
MÁ QUALIDADE – O irmão do paciente disse que um dos parentes chegou primeiro em Roraima e constatou a situação de Raimundo. “Meu irmão veio primeiro e viu que ele estava com um machucado nas costas e ninguém tinha vindo fazer um curativo”, reclamou.
A família acredita que o paciente tenha contraído a bactéria na unidade de saúde. Segundo eles, profissionais do HGR teriam até confirmado a informação, porém, pediram para não serem expostos para não se comprometerem. Eles dizem ainda que, os poucos que falaram, afirmaram faltar medicamento no hospital para tratar a bactéria e se recusaram a informar o nome do remédio, para a família tentar comprar.
“Um dos médicos me disse ‘o hospital não tem medicamento para combater essa bactéria’. Eu pedi o nome do medicamento e um doutor disse não, que o hospital não aceita comprar. Eles não passaram o nome para mim”, criticou Joaquim. “A gente só quer saber o que fazer, para poder comprar esse remédio e tentar salvar o meu irmão”, completou.
Sesau nega infecção hospitalar, mas confirma falta de medicamentos
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde informou que o caso do referido paciente foi analisado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Geral de Roraima (HGR) e não foi constatada infecção bacteriana, conforme citado pelos familiares.
Segundo a Sesau, o paciente, vítima de acidente de moto, teve uma pneumonia hospitalar, que conforme informações repassadas pela CCIH pode ter relação com o quadro do paciente, considerando que Raimundo chegou à unidade com traumatismo no pulmão e precisou de ventilação mecânica.
“O HGR tem adotado todas as medidas necessárias para minimizar os riscos de infecções hospitalares. O hospital foi, por exemplo, um dos 15 integrantes do projeto Paciente Seguro, quando foram realizadas várias ações contra eventos adversos, incluindo o reforço na higienização das mãos. A segunda etapa do projeto pretende reduzir pela metade contaminações relacionadas à assistência na área da saúde, que podem ser evitadas e que carregam um custo de saúde grande”, informou a nota.
Sobre a falta de medicamentos, a direção clínica da unidade informou que o paciente está fazendo tratamento com uso de antibióticos e que os itens cuja falta estavam dificultando a sedação do paciente já estão sendo adquiridos pela Sesau.
Já com relação à qualidade do atendimento, a rede estadual de saúde afirma que, durante a internação, as informações sobre os procedimentos realizados são repassadas à família por meio de boletim médico, além do acesso diário às visitas. “No entanto, qualquer usuário que se sentir insatisfeito quanto ao atendimento pode buscar tanto a Direção da Unidade quanto a Sesau, por meio da Ouvidoria, para realizar reclamações, bem como tirar dúvidas e receber quaisquer esclarecimentos necessários”, finalizou a nota. (P.C.)