Cotidiano

Mais da metade dos veículos foi vendida para pessoas jurídicas

Implantação de locadoras de veículos pode ser motivo de crescimento expressivo de compras de carros por pessoas jurídicas

Dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) apontam que, nos três primeiros meses deste ano, houve um crescimento de 12% na venda de veículos em todo o Brasil. Em Roraima, a movimentação do mercado é expressiva na venda para pessoas jurídicas, com um aumento de 50% neste primeiro quadrimestre, em comparação com o mesmo período do ano passado. A compra de automóveis por pessoas físicas teve um aumento de 2%.

Com isso, a compra de carros por pessoas jurídicas passou a representar mais da metade das vendas de automóveis no estado, com 823 carros sendo vendidos para empresas, instituições e organizações, e 733 para pessoas físicas. No mesmo período do ano passado, as vendas foram de, respectivamente, 511 carros para pessoas jurídicas e 718 para físicas. Os dados são do Sindicato do Comércio Varejista de Veículos em Roraima (Sindiveículos-RR).

De acordo com o presidente do sindicato, Vitor Hugo Perin, um crescimento tão expressivo no número de compradores jurídicos pode ser justificado pela implantação de locadoras de veículos no estado e a mudança de suas frotas.

Além disso, a redução da taxa de juros do Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) também teria sido determinante para esse crescimento, já que, nos primeiros quatro meses deste ano, a taxa variou entre 0,47% e 0,58%. Os números são baixos quando comparados aos do mesmo período do ano passado, cuja variação foi entre 0,79% e 1,09%.

“Alguns dados isolados, tanto por parte de estratégias de locadoras de Manaus que se instalaram por aqui, como a diminuição de juros nos bancos e linhas de créditos mais fáceis que foram dadas a empresas pelo Governo Federal em 2017, contribuíram para um cenário como este em Roraima”, explicou Perin.

Em relação a compras de pessoas físicas, o cenário de quase estagnação pode ser justificado pelo clima de insegurança que ainda é perceptível entre a população devido a um cenário de incertezas na política e economia no país. Apesar disso, o presidente da Sindiveículos-RR afirmou existir um abismo entre a média nacional de veículos vendidos para pessoas físicas e a roraimense. “Parece haver uma crise interna no estado por causa da falta de indústria da área aqui. Além de haver uma insegurança por parte de consumidores físicos pela imprevisibilidade do mercado em meio à crise econômica”, avaliou.

Em meio a um cenário como este, concessionárias em Roraima ainda estão temerosas quanto a estratégias de expansão de seus produtos. Por isso, o clima que parece rondá-las ainda remete aos anos de ápice da crise financeira no Brasil. “As concessionárias ainda estão esperando o mercado reagir de forma melhor para tomar novas atitudes, como contratar mais ou fazer investimentos em novos pontos de venda. E é preciso ter certeza na hora de investir, porém não existe uma segurança de que o crescimento de vendas continuará ocorrendo”, afirmou.

Quanto às estratégias de divulgação que vêm sendo adotadas, Vitor Hugo Perin explicou que a televisão está sendo deixada de lado, por ser um meio de comunicação considerado como caro e que já não possui a mesma eficiência de anos atrás. “Concessionárias já não estão mais interessadas em investir em televisão. Hoje é possível ver uma expansão na forma com que o marketing de veículos é feito, principalmente nas redes sociais. Afinal, é um meio barato e, dependendo do público direcionado, eficiente, de divulgação”, observou.

Para consumidores que visam financiar veículos através da obtenção de crédito no banco, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Veículos em Roraima afirmou que o mais importante é ter certeza de que não há acúmulo de dívidas, pois este é um fator determinante na análise feita pelos bancos na hora de realizar cálculos de risco. “Se você for um cliente regularizado, sem dívidas em seu histórico, o seu crédito pode vir de forma mais rápida e com taxas de juro menores”, disse.

Para Perin, o consumidor é uma peça fundamental para determinar como será o andamento do mercado econômico daqui para frente. E, por isso, precisa se sentir mais seguro no cenário atual. “O brasileiro precisa confiar mais no Brasil. Ele quer comprar um carro novo, porém está sem confiança por causa de sua estabilidade financeira, que foi ameaçada nos últimos anos com a crise. Mas ele ainda precisa confiar no seu próprio sustento e na sua capacidade de poder arcar com um veículo”, finalizou. (P.B)