CASO DO ACASO BEM MARCADOO 🎤

Entenda como as músicas-chiclete grudam na cabeça por vários dias

Esse efeito dá a sensação que o cérebro acionou o modo repeat e a letra ou a melodia viram a trilha sonora da rotina

Alguns afirmam que a música é essencial para a concentração, enquanto outros garantem que qualquer trilha sonora atrapalha os estudos. (Foto: Arquivo/FolhaBV)
Alguns afirmam que a música é essencial para a concentração, enquanto outros garantem que qualquer trilha sonora atrapalha os estudos. (Foto: Arquivo/FolhaBV)

Quantas vezes você já se pegou cantando “caso do acaso bem marcado em cartas de tarô”, “eu vou tomar um tacacá” ou outra música aparentemente simples, mas que insiste em grudar na sua cabeça por vários dias? Essas são as famosas “músicas-chiclete”, aquelas canções que parecem ter o poder mágico de se alojar na mente e se recusar a sair. Mas o que exatamente faz com que essas melodias viciantes tenham esse efeito tão duradouro?

Para entender o fenômeno das músicas-chiclete, é preciso se aprofundar no campo da psicologia e neurociência. De acordo com estudos, a repetição é a chave. Músicas-chiclete muitas vezes possuem estruturas simples e refrãos pegajosos que são facilmente memorizáveis. A repetição desses elementos é fundamental para criar uma conexão duradoura na mente do ouvinte.

A psicóloga cognitiva Dr. Aline Xavier explica: “Quando escutamos uma música repetidamente, nosso cérebro forma associações fortes com a melodia e as letras. Isso cria uma espécie de ‘trilha sonora mental’ que continua a tocar mesmo quando não estamos conscientemente ouvindo a música.”

Outro fator importante é a combinação de letras marcantes e melodias cativantes. Músicas-chiclete muitas vezes apresentam letras simples e universais, facilitando a identificação e a reprodução mental. Além disso, as melodias são cuidadosamente elaboradas para serem agradáveis e fáceis de serem lembradas, contribuindo para a persistência do seu efeito.

A presença constante dessas músicas nos meios de comunicação e plataformas de streaming também desempenha um papel crucial. A exposição contínua acentua a familiaridade e fortalece os vínculos cognitivos, garantindo que a música permaneça na mente do ouvinte.

Com o advento das redes sociais e compartilhamento instantâneo de conteúdo, as músicas-chiclete podem se espalhar como fogo. Desafios virais e memes musicais contribuem para amplificar a popularidade dessas canções, aumentando ainda mais sua presença na consciência coletiva.

Mas afinal, como se libertar dessa pegajosidade musical?

Para aqueles que desejam se libertar da “pegajosidade musical”, a solução pode ser diversificar a playlist e ouvir uma variedade de músicas. A exposição a novos estímulos musicais pode ajudar a enfraquecer as associações formadas pelas músicas-chiclete, permitindo que a mente se liberte gradualmente do seu poder viciante.

Aline explica que  as músicas-chiclete não são apenas criações casuais. Elas são resultado de uma cuidadosa combinação de elementos musicais e psicológicos que as tornam irresistíveis. ”Enquanto alguns podem se sentir aprisionados por essas melodias cativantes, entender o processo por trás delas pode ajudar a apreciá-las de uma perspectiva mais ampla. E lembre-se, caso esteja com uma música grudada na mente, a diversidade musical pode ser a chave para libertar-se do chiclete musical”, concluiu.