JESSÉ SOUZA

Morosidade e descaso com recuperação das rodovias seguem sem qualquer explicação

Placa de obra de recuperação da RR-203, a estrada do Tepequém, se tornou um “monumento do descaso”: nome da empresa foi borrado

Simplesmente inacreditável que as autoridades estaduais não tomam providências para que as obras de recuperação das rodovias que integram a rota do Turismo na região Norte de Roraima sejam tratadas com prioridade. Os últimos meses do ano passado foram marcados por homens e máquinas trabalhando no trecho norte da BR-174 e ainda na RR-203, que corta todo o Município do Amajari e dá acesso à Serra do Tepequém.

No entanto, durante as últimas semanas de dezembro até agora, nenhuma máquina bem como nenhum operário são mais vistos atuando naquelas estradas, as quais dão acesso a vários pontos turísticos, além de Tepequém, a exemplo do Lago do Robertinho, na zona rural de Boa Vista, o Monte Roraima, na fronteira com a Venezuela, comunidades indígenas de São Marcos que exploram o etnoturismo e Uiramutã, cidade conhecida por suas cachoeiras na Terra Indígena Raposa Serra do Sol.

Se a desculpa eram as constantes chuvas que caíram sem trégua nos últimos quatro anos, desta vez inexiste tal argumento, pois o período tem sido de seca intensa, inclusive com cenas de queimadas que podem ser observadas ao longo dessas duas estradas, a BR-174 e a RR-203. Teremos menos de três para que essa estiagem dê lugar ao novo período de chuvas. Logo, se esta morosidade prosseguir, será mais um ano de descaso e descaramento por parte de quem deveria estar agindo.

O tráfego intenso de turistas nesse período de alta temporada, devido às férias no período de fim de ano e no início do novo ano, contrasta com a buraqueira e riscos constantes de acidentes, além de transtornos com pneus furados ou pane nos veículos devido à buraqueira. A crítica situação das rodovias tem provocado recorrentes acidentes nos últimos quatro anos, inclusive com mortes, período de completo abandono das obras de recuperação e manutenção das rodovias federais e estaduais naquela região.

As obras de recuperação caminham sob uma morosidade inexplicável, a ponto de o serviço de terraplanagem já realizado em alguns trechos terem se tornado numa imensa buraqueira, a exemplo do que ocorre na altura do KM 556 da BR-174, bem como os locais que receberam serviços de tapa-buraco já estarem ressurgindo novas crateras. Trata-se de um absurdo a forma como o trabalho é realizado, sem que ninguém dê justificativas para a flagrante morosidade.

O descaso é tanto que a placa da obra licitada para a recuperação da RR-203 serve como um “monumento da vergonha”, pois lá consta que o serviço foi iniciado em 30.11.2020, com prazo de conclusão em 365 dias. No entanto, a obra até hoje não foi concluída sequer a metade. Naquela época, o valor do contrato era de R$10,2 milhões. Mas, atualmente, além de a placa estar desbotada, o nome da empresa foi cuidadosamente borrado com tinta preta. E nenhum órgão fiscalizador se incomoda com o que está acontecendo por lá.  

*Colunista

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