O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse que o governo federal prepara “novas ações ainda mais sérias” contra os garimpeiros que insistem em invadir a Terra Indígena Yanomami, mas ainda sem detalhar o que será feito. A declaração foi publicada no X (antigo Twitter) após reunião interministerial sobre a nova Crise Yanomami, no Palácio do Planalto, em Brasília.
Segundo Lula, o encontro da manhã desta terça-feira (9) foi convocado para fazer um balanço sobre a situação dos indígenas da etnia e discutir o que será feito de forma permanente “para vencer essa guerra contra o garimpo ilegal, o vandalismo, contra os agressores do meio ambiente e o crime organizado”.
Além do vice-presidente Geraldo Alckmin, participaram da reunião, ministros como Rui Costa (Casa Civil), Flávio Dino (Justiça e Segurança Pública), José Múcio (Defesa), Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome), Nísia Trindade (Saúde), Esther Dweck (Gestão e da Inovação em Serviços Públicos), Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima), Silvio Almeida (Direitos Humanos e da Cidadania), Sônia Guajajara (Povos Indígenas), Alexandre Padilha (Secretaria de Relações Institucionais) e Paulo Pimenta (Comunicação Social).
Também estiveram no encontro: o advogado-geral da União, Jorge Messias, a presidente da Funai (Fundação Nacional dos Povos Indígenas), Joenia Wapichana e o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues.
No fim de 2023, o Ministério do Meio Ambiente divulgou um balanço em que aponta a redução de 77% da área desmatada para abertura de garimpos de janeiro a novembro, na Terra Yanomami, em relação ao mesmo período do ano anterior.
No entanto, a Justiça Federal precisou determinar audiência de conciliação com os órgãos federais envolvidos na proteção do território para definir um novo cronograma de ações contra o garimpo ilegal. A decisão atendeu o MPF, que citou a permanência de invasores na região.
O órgão ministerial disse à Justiça que os resultados promissores das operações na Terra Yanomami, no início de 2023, não evitaram a reocupação de áreas pelo garimpo, e que as ações tiveram sucesso até o início do segundo semestre. A partir desta época, garimpeiros retornaram à região, especialmente em áreas já desmatadas. O MPF citou a existência de vários relatos de aliciamento, prostituição, incentivo ao consumo de drogas e de bebidas alcoólicas, e até estupro de indígenas pelos garimpeiros.
O último balanço o Ministério da Saúde aponta 308 mortes de indígenas na Terra Yanomami em 2023, por motivos como malária, desnutrição grave e doenças associadas à fome, como diarreia e pneumonia. Há quase um ano, Lula veio a Roraima para anunciar as primeiras medidas contra a grave crise yanomami, que repercutiu em todo o mundo.