No último dia 4 de janeiro, foi celebrado o Dia do Braille, marcando os avanços e desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência visual. Apesar dos esforços em prol da acessibilidade, a linguagem Braille ainda se depara com obstáculos significativos, sendo o principal deles a dificuldade de acesso, a falta de profissionais qualificados nas escolas e a carência de atenção por parte das autoridades.
A Folha BV buscou a perspectiva da estudante Bianca Praxedes, que, aos 17 anos, compartilhou sua experiência como pessoa com deficiência visual desde a idade de um ano e meio. Bianca ressalta que, apesar dos avanços, há um longo caminho a percorrer no que diz respeito ao Braille no Brasil.
“Tem muitos passos a percorrer porque o braille, querendo ou não, é caro porque exige muito papel e por isso não tem tantos livros em braille quantos nós gostaríamos. E o braille também tem uma alfabetização um pouco complexa. Quando você pega o jeito, você já consegue entender bem melhor, mas sim, ainda há vários passos, tem muita água pra rolar ainda pro braille ser algo de fácil acesso pra todos aqueles que precisam”, explica Bianca.
Apesar de estar presente em algua placas de sinalização, a linguagem Braille ainda carece de uma presença mais expressiva, especialmente em ambientes comerciais, conforme destaca Bianca.
“Nas lojas, nos produtos, pra identificar. O braille ele existe mais nos remédios há bastante tempo, mas eu sinto falta bastante nos produtos de supermercado, nos outros produtos de farmácia e loja e etcétera. Que facilitaria bastante a independência na hora das compras”, ressalta a jovem.
Bianca revela que mesmo em sua escola, a falta de suporte adequado com profissionais que dominam o Braille é notável, atribuindo o problema ao desinteresse.
“Você começa a aprender o braille na hora que você quiser, na verdade. Mas o braille não é algo que as pessoas conheçam. Por exemplo, na minha escola eu tenho várias auxiliares. Eu preciso de uma auxiliar pra me ajudar nas tarefas, mas eu nunca tive uma auxiliar que soubesse o braille, então realmente faltam bastante pessoas qualificadas pra isso (…) É uma falta de interesse geral, tanto das pessoas quanto dos governantes”, finaliza Bianca.