Hoje faço uma homenagem ao saudoso Professor Jaceguai dos Reis Cunha: – seu prenome (Jaceguai) foi escolhido de um navio que havia atracado no Porto de Belém do Pará, o Navio “Almirante Jaceguai” (Almirante Artur Silveira da Mota, herói da Guerra do Paraguai comandou o encouraçado Barroso, primeiro navio brasileiro a vencer as defesas da poderosa fortaleza de Humaitá (19/02/1868) e Membro da Academia Brasileira de Letras).
O nome “Reis” foi em homenagem ao dia dos “Santos Reis”, dia em que Jaceguai nasceu: 06 de janeiro (de 1930). E, o sobrenome: “Cunha” vem de família, bastante conhecida no município de São Caetano de Odivelas, no interior do Pará, onde o Jaceguai nasceu.
Jaceguai chegou a Boa Vista no dia 18 de maio de 1945, acompanhando sua tia Marina Carneiro da Silva, esposa do Tenente João Batista da Silva – que veio implantar em Boa Vista o Serviço de Radiotelegrafia do Governo do Território Federal do Rio Branco.
Anos depois, em 1952, ao ser aprovado no Exame de Admissão e passar no curso para Regente, foi convidado pelo Diretor da Divisão de Ensino, à época o Doutor Jersey de Brito, para ministrar aulas de 1ª a 4ª série na localidade do Anzol, na região do Murupú. Era sua primeira experiência como professor. E, dois anos depois veio transferido de volta à Boa Vista para ministrar a disciplina de Desenho na Escola Normal Monteiro Lobato.
Em 1958 recebeu um convite do Padre Zintu, diretor do Ginásio Euclides da Cunha-GEC, para dar aula de Desenho a 60 alunos da 1ª série ginasial. Pela primeira vez teve sua Carteira de Trabalho assinada como professor. E, em 1959 foi ministrar aula de Atividades Econômicas da Região, Enfermagem e Puericultura, em substituição ao professor Dorval de Magalhães e do médico Silvio Lofego Botelho (que também dava aula, e havia se afastado do magistério para ingressar na política como deputado federal).
Em 1960 Jaceguai foi para Manaus fazer um curso de suficiência para professor de Desenho no primeiro ciclo. Foram 30 dias estudando diuturnamente, uma vez que esse curso era um dos mais difíceis e, se aprovado, receberia o registro de professor titular. Após a difícil prova final, as notas foram publicadas no mural da secretaria do Colégio Estadual do Amazonas. Dos 60 alunos inscritos, apenas seis foram aprovados. Jaceguai tirou o segundo lugar. O primeiro lugar ficou com a Madre Leotávia, uma italiana que muito ajudou esse Território na área da Educação.
De volta à Boa Vista Jaceguai foi prá escola Monteiro Lobato, trabalhar na secretaria, onde fazia de tudo. Tornou-se uma peça chave na escola e consultor para assuntos educacionais.
Em 1966 Jaceguai foi ao Rio de Janeiro participar do Curso de carpintaria, marcenaria, artes práticas e industriais, onde permaneceu até 1967. E, na volta à Boa Vista fez um teste no GOT – Ginásio Orientado para o Trabalho-, criado pelo professor Voltaire Pinto Ribeiro. Aprovado nos testes, o professor Jaceguai passou a ministrar no GOT e no colégio Barão de Parima, aulas de Artes Industriais com técnicas em madeira, cerâmica, artes gráficas, metal e eletricidade.
Jaceguai lecionou em várias escolas, dentre elas, em 1969, na Escola Profissionalizante de Formação de Professores no Ginásio Roraimense (onde hoje funciona a Escola Diva Lima – na Rua Alferes Paulo Saldanha, Bairro São Francisco); Em 1970 foi Diretor do Curso Científico “Monteiro Lobato”. E, em 1971, quando o Ginásio Roraimense foi transferido para o Bairro São Pedro, onde hoje funciona a Escola “O Pescador”, o Jaceguai foi seu vice-diretor.
Jaceguai foi capa da Revista “Nova Escola” – Ano 1 – n.º 7 – de outubro de 1986.
Os bens materiais que ele conseguiu ao longo de sua carreira profissional foram: uma pequena casa no Conjunto Pricumã (na Rua Botão de Ouro) e o velho Fusquinha Amarelo – que os alunos tiravam o maior sarro quando o carro não pegava, e eles iam empurrar até funcionar. Já em sala de aula, os alunos cochichavam: “Lá vem o professor A-B- Linha”. O Jaceguai fingia não ouvir, mas estava sorrindo por dentro (de satisfação). O apelidaram de “Professor A-B Linha”, devido seus ensinamentos de desenho Artístico e Artes Industriais, haver a necessidade de traçados de linhas, as quais eles as denominavam de retas “A” até a “B” – linha.
No dia 9 de julho de 1992, a Câmara Municipal de Boa Vista, através da Presidente à época a vereadora Odete Irene Domingues, concedeu ao Professor Jaceguai o Título de Cidadão Boa-Vistense e a Medalha de Honra ao Mérito Rio Branco, pelos seus relevantes serviços prestados à educação em Roraima.
Jaceguai era casado com a senhora Amazonina dos Santos Cunha. Ele faleceu em Boa Vista no dia 30 de abril de 1996.
Em sua homenagem há o Colégio Estadual Militarizado Professor Jaceguai Reis Cunha, situado na Rua Mestre Albano, 2545 -. no Bairro Asa Branca.