Embora as autoridades e entidades optem por manterem-se em silêncio sobre estatísticas publicadas por instituições nacionais, obviamente caladas de maneira intencional, é importante observar os números do Atlas da Violência 2023 sobre mortes de jovens, divulgados em dezembro passado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP). Absolutamente ninguém comentou nada!
As estatísticas revelam uma realidade preocupante sobre a juventude roraimense, que tem sido vítima de violência por envolvimento em crimes. Os dados só atestam a situação de ociosidade observada nos bairros periféricos, onde o tráfico de droga sob o comando do crime organizado acaba cooptando pessoas cada vez mais cedo. O Residencial Vila Jardim, no bairro Cidade Satélite, é só mais um local onde é bem perceptível, com jovens e adolescentes usando drogas à luz do dia entre os blocos.
O número de homicídios de adolescentes e jovens de 15 a 19 anos em Roraima, no período de 2011 a 2021, só aumentou ano a ano, alcançando 294 mortos nessa faixa etária em dez anos. O ano em que houve o maior número de assassinatos foi 2018, quando 78 morreram, enquanto nos demais anos variou de 10 a 30 crimes anuais dentro dessa faixa de idade. São dados que deveriam estar sendo acompanhados para que políticas públicas sejam efetivadas a fim de evitar essas mortes.
O Estado reflete uma realidade nacional, em que a violência é a principal causa de mortes de jovens, com uma média de 66 jovens assassinados por dia no país. No entanto, na última década, ocorreu uma redução de 18,2% na taxa de homicídios de adolescentes no Brasil, com diminuição dessas taxas em 17 estados. Porém, sete estados apresentaram aumento preocupante em suas taxas, com Piauí, Roraima e Amapá se destacando, registrando aumento expressivo no indicador ao longo da última década (94,9%, 93,3% e 90,0%, respectivamente).
E a situação fica mais preocupante quando se analisa o número de homicídios de homens jovens na faixa etária de 15 a 29 anos, neste mesmo período, em Roraima. Foram 951 jovens mortos, com maior número de homicídios exatamente no ano de 2018, com 207 assassinatos. Novamente este ano mostrando um período de extrema violência em Roraima. Em segundo lugar ficou o ano de 2021, com registro de 105 homicídios.
Conforme o relatório institucional, são indivíduos que não tiveram a chance de concluir sua vida escolar, de construir um caminho profissional, de formar sua própria família ou de serem reconhecidos pelas suas conquistas no contexto social em que vivem. E preocupa, sobremaneira, que muitos jovens e adolescentes roraimenses seguem uma vida sem perspectiva, muitos abandonando os estudos e sem condições de acessar o mercado de trabalho formal.
É obrigação das autoridades se preocuparem com essa realidade, pois Roraima passa por um momento crítico, mediante uma imigração em massa que só amplia os problemas sociais. Além da flagrante realidade de adolescentes e jovens brasileiros na ociosidade nos bairros, é visível a situação de crianças e adolescentes venezuelanos nos semáforos, o que significa que se políticas públicas não forem adotadas, um futuro sombrio estará nos esperando em curto espaço de tempo.
*Colunista