AFONSO RODRIGUES

Cuidado com o que diz

“É o destino que nos dá a nossa família, mas somos nós que escolhemos os amigos. Isto mostra que a amizade vale mais que os laços de sangue”. (Aristóteles)

O que diz nem sempre é tão perigoso quanto o que ouvimos no que disseram. Muitas vezes escutamos, mas não ouvimos. E quando ouvimos, ouvimos errado. Verdadeiro balaio de confusão. Mas não devemos nos preocupar. Nem sempre as coisas são tão ruins como parecem. Sou um cara muito chato quando assisto a programas de jornais televisivos. Já tentei me corrigir, mas não consigo. Imagina se eu fosse professor da língua portuguesa. Ninguém iria me suportar. Às vezes tento chamar a atenção de algum neto que esteja assistindo ao programa. E minha implicância é com os erros banais, mas que poderiam, e deveriam ser evitados. E o número não é tão pequeno assim. Ontem assistindo a uma entrevista com uma autoridade feminina, ouvi várias vezes, ela falar: “Eu já falei que se ela quiser pode “vim”. Ela pode “vim” sempre que quiser “vim”. Outras belezas simples como esta são comuns no dia a dia do noticiário. O que é uma pena, já que estamos alardeando notícias sobre o interesse na melhoria da nossa Educação.

As pandemias estão se tornando comuns. O que é realmente preocupante, porque não estamos preparando as crianças para enfrentar o monstro. Um amigo me contou que o vizinho antes de sair para o trabalho falou com o filhinho:

– Preste atenção… não fique muito tempo perto da sua mãe, porque essa noite ela estava com Chicungunha!

A criança assustou-se, mas ficou na dela. No entanto, não resistiu à angústia e foi até a mamãe e perguntou encabulado:

– Mãe… é verdade o que o pai falou? Ele me disse que essa noite a senhora estava com o Chico Cunha, é verdade, mãe?

Tudo bem, o impossível acontece no que ouvimos. Logo, vamos ter mais cuidado, não só com o que ouvimos, mas, sobretudo, com o que dizemos. Nosso linguajar no lar não tem porque ser tão rigoroso assim, mas mesmo assim devemos ser mais criteriosos, sobretudo evitando o linguajar pernicioso do palavrão. Nossa “Língua Portuguesa” está muito castigada pelo desprezo que vem sofrendo há décadas e décadas. Na década dos sessentas, tivemos um intelectual que tentou divulgar, pela televisão, um programa para mudar a letra do Hino Nacional Brasileiro. E o argumento do “gênio” era que a letra do hino era muito clássica e os jovens não a entendiam. O programa ainda foi ao ar por uns dois dias, felizmente. Vamos cuidar mais da nossa Educação. E a tarefa é renhida, mas vale apena. Todo sacrifício vai valer. Mesmo porque é um dever nosso, como cidadãos. Pense nisso.

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