Moradores de São João da Baliza, ao sul do Estado, estão com dois problemas que para eles já não são mais novidade: falta de água e a presença de barro. O primeiro, de acordo com moradores, é uma constante há mais de um ano. O segundo existe há pelo menos dois meses.
De acordo com o professor Gilvanis Souza Marques, morador da Rua São Francisco, próximo a BR-122, a situação da falta e sujeira da água já virou parte do cotidiano dos moradores, que já possuem meios alternativos de garantir o abastecimento de água limpa. “Lá tem o pessoal que faz poço artesiano de forma manual e também tem muita gente que compra caixas d’água. Minha mãe tem uma panificadora, e ela sempre precisa estar armazenando água, pois nunca se sabe quando ela vai vir limpa ou se ela sequer continuará vindo”, explicou.
Ele relatou que resolveu falar sobre tais problemas à Folha pelo risco a saúde que a poluição da água pode trazer para crianças e adultos. “Eu fico imaginando como ficam as pessoas que não se conscientizam sobre a necessidade de estar atento a esse problema. Quanta gente já deve ter ficado doente por causa da má qualidade da água”, comentou.
Quem possui parente que ficou doente por causa da água é o autônomo José Augusto. Segundo ele, seu sobrinho foi vítima da água com barro e precisou ficar de cama por pelo menos três dias. “O meu sobrinho ficou bom há poucos dias de um problema intestinal. Ele ficou mal de saúde por uns três ou quatro dias, devido a algum contato dele com a água suja que sai de torneiras e chuveiros”, afirmou.
Ele também relatou que os problemas relacionados à sujeira acontecem com frequência, no mínimo três vezes por semana, e quando ocorre, é difícil saber como improvisar. “A minha casa tem água. Eu tenho essa sorte em comparação com outros pontos da cidade. Mas, às vezes, quando ligo o chuveiro, vem um fedor enorme. É um lamaçal nojento. Em foto, parece até café. Quando falta, eu pego água do meu vizinho, que tem um poço. Além de sempre comprar água mineral”, relatou.
A professora Kátia Raquel, moradora do bairro Manoel Ribeiro, região central da sede do município, relatou que o seu problema com a água suja já ocorre desde o final do ano passado. Ela afirmou que, quando a água suja aparece, ela é chamada de ‘café’ em grupos de whatsapp de moradores, devido a sua cor preta. “A água volta e meia vem escura. É comum isso ocorrer umas duas ou três vezes por semana. Quando eu abro a torneira e a água sai assim, eu fico com ela aberta até ela clarear. Isso demora mais ou menos quinze minutos”, explicou.
CAERR – A Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) informou, em nota, que devido às constantes quedas de energia, registradas na semana passada, o sistema ficou comprometido e foi necessário fazer o serviço de manutenção corretiva no registro da descarga da rede de água, para manter a distribuição.
“A Companhia enviou uma equipe do NCQ [Núcleo do Controle de Qualidade] ao município para verificar a situação in loco e, após as análises, foram constatados os padrões de potabilidade da água fornecida à população. Dessa forma, se ocorreu à alteração na cor da água, provavelmente tratou-se de um problema pontual, na rede de alguma residência.”, relatou.
A empresa salientou que no momento o fornecimento de água está normalizado e não há nenhum problema no sistema de tratamento e reforçou que, para garantir a normalidade no serviço de abastecimento no município, foram construídos mais dois poços que estão em fase de perfuração.
A Companhia também orienta aos clientes para caso de dúvida ou reclamação, que entrem em contato com a empresa pelos canais de atendimento disponíveis, como a Central de Atendimento, 0800.280.9520, das 8h às 18h, o aplicativo Caerr Mobile (disponível para Android e IOS) ou por meio do portal da Companhia, www.caerr.com.br. (P.B)
Presidente da Caerr tranquiliza população sobre qualidade da água
Quem nunca tomou água da torneira que atire a primeira pedra. Brincadeiras à parte, você tem ideia dos procedimentos realizados para que ela chegue com qualidade na sua residência? Pois bem, não é tão simples quanto pode parecer. Para tranquilizar a população roraimense sobre o assunto, o presidente da Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (Caerr), Danque Esbell, explicou o passo a passo do tratamento do maior bem natural da Terra.
Assim que chega à Estação de Tratamento, a água passa por uma calha onde recebe a adição de sulfato de alumínio, produto utilizado para a retirada das impurezas e clarificação. Em seguida, o líquido passa pela floculação, onde o sulfato de alumínio vai agir e segue a decantação. Nesta etapa, são retirados todos os flocos que ficam suspensos para seguir à filtração.
Nos filtros, qualquer impureza que ainda reste na água é retirada e, em seguida, o produto é enviado aos tanques de contato, onde será adicionado o cloro, para desinfetar a água, o flúor e, principalmente, a cal hidratada, produto utilizado para o controle do PH. “Há uma preconização do Ministério da Saúde que prevê um PH de aproximadamente 6 e 7.0, que é o fornecido à população. Quando usamos o sulfato, a tendência é baixar o PH”, explicou Danque.
As análises, por sua vez, são realizadas de hora em hora, 24 horas por dia, a fim de garantir um fornecimento de qualidade para a população. Segundo o presidente, o consumo da água pode ser feito com tranquilidade, uma vez que todos os mecanismos e análises são feitos por equipes preparadas para o tratamento.
No interior o processo é o mesmo. Os municípios de São Luiz, São João do Baliza, Caroebe, Alto Alegre, Mucajaí, Caracaraí e Normandia já possuem laboratórios equipados e preparados para o procedimento padrão das análises. Além das análises feitas diariamente nos laboratórios, o Núcleo do Controle de Qualidade (NCQ) realiza ainda a inspeção mensal do trabalho executado nos municípios para encaminhar aos órgãos de fiscalização.
Pelo fato de Roraima estar situado na maior bacia hidrográfica, Esbell reforçou a importância do uso racional da água, bem como a preservação do meio ambiente. “A população não deve jogar materiais nos mananciais e redes coletoras de esgoto, além de não abrir os poços de visitas no meio da rua, especialmente no inverno, porque isso vai prejudicar os nossos equipamentos”, finalizou.
Conheça o passo a passo do tratamento convencional da Estação de Tratamento de Água
1. Captação: É constituída pelo conjunto de bombas e motores, que possibilitam a retirada de água do rio Branco para o tratamento.
2. Coagulação: Consiste na adição e dispersão do sulfato de alumínio na água para a sua floculação, o qual é adicionado no ponto de maior agitação.
3. Floculação: É o agrupamento (união) dos coágulos, formando os flocos, a qual se realiza nos floculadores.
4. Decantação: É o processo no qual ocorre a deposição (precipitação) em suspensão, pela ação da gravidade realizada nos decantadores.
5. Filtração: A água decantada é encaminhada às unidades filtrantes onde é efetuado o processo de filtração.
6. Correção de pH: Dá-se com adição na água filtrada de uma solução de leite de cal, hidróxido de cálcio, afim de torná-la neutra (pH=7) evitando sua corrosividade.
7. Cloração e Fluoretação: Nesta etapa final do tratamento da água, adiciona-se cloro para a sua desinfecção, (eliminação de bactérias patogênicas). Na fluoretação adiciona-se composto de flúor na água, o qual é benéfico para a prevenção da cárie dentária.
Após todas essas etapas de tratamento a água é armazenada em reservatórios apoiados e depois enviada através de bombas para os reservatórios elevados e por gravidade a água é distribuída aos usuários.