Política

Processo de federalização da CERR deve ser concluído até o meio do ano

Companhia Energética de Roraima deverá ser fundida à Eletrobrás, formando uma única empresa que irá abastecer o Estado

A partir do meio do ano, os moradores dos 15 municípios de Roraima poderão ser consumidores de uma única empresa de geração, distribuição e comercialização no Estado. Ainda sem nome definido, a empresa será uma fusão entre a Companhia Energética de Roraima (CERR) e Eletrobras Distribuição Roraima. Isto porque o processo de federalização da CERR deverá ser concluído até junho, quando a concessão da Eletrobras Distribuição Roraima vence. A explicação foi dada pelo diretor-presidente da CERR, Antonio Carramilo Neto, que assumiu a gestão da empresa na quarta-feira, 21.
Atualmente, a estatal roraimense vive uma gestão compartilhada entre o Governo do Estado e a Eletrobras Distribuição Roraima, cujo presidente é indicado pela Eletrobras e os diretores pelo governo estadual. O acordo foi firmado em novembro de 2012, ainda no governo de Anchieta Junior (PSDB). “A CERR vive um processo de transformação em uma empresa viável e que entrará em um processo de difusão ou absorção com a Eletrobras. A partir dessa federalização, extingue-se a CERR, e a Eletrobras e Roraima passarão a ter uma empresa somente. Acredito que o nome será Roraima Energia”, afirmou.
O processo será semelhante ao que aconteceu no Amazonas, para a criação da empresa Amazonas Energia. “Quando essa fusão acontecer, a nova empresa será a única a atender todo o Estado, na parte de geração, distribuição e comercialização de energia”, explicou.
De acordo com Carramilo Neto, o trabalho de federalização é árduo e precisa ser feito de maneira célere por causa do fim da concessão da Eletrobras Distribuição Roraima. “A ideia é que em julho tenhamos apenas uma concessão, ou seja, já vislumbrando a junção das empresas. É a vontade de ambas as partes”, disse.
Para o consumidor algumas coisas mudarão com a nova empresa. “Hoje as tarifas são diferenciadas. A Eletrobras cobra um valor na capital e a CERR outro valor nos municípios. Quando a nova empresa for criada, se buscará uma tarifa única”, informou. Outro diferencial para o consumidor será a melhoria no serviço oferecido. “O que vai mudar é a melhoria na qualidade da energia porque a Eletrobras vai investir no atendimento à população”.
SERVIDORES – Quanto ao quadro de servidores da Companhia Energética, Carramilo explicou que eles são de várias naturezas jurídicas, como comissionados e concursados. “Porém, a Eletrobras não absorve todo o quadro de pessoal da CERR. Eles vão pegar apenas os concursados. Sabemos que isso vai dar algum problema, mas vamos estudar uma maneira para que o processo de exoneração seja o menos traumático possível”, disse. (V.V)
Gastos da estatal roraimense são maiores do que o arrecadado
O presidente da Companhia Energética, Antonio Carramilo Neto, afirmou que uma das medidas de sua gestão será melhorar a arrecadação da empresa. Sem falar em números exatos, ele disse que os valores arrecadados são menores do que os faturados em 60%. “Então temos muita perda e estamos muito acima da porcentagem recomendada pela Aneel [Agência Nacional de Energia Elétrica], que é de 10% a 15%”, afirmou. A porcentagem de perda da Eletrobras Distribuição Roraima é de 11%.
Os motivos de perda, segundo Carramilo, são por questões técnicas, como um fio aquecido, “gatos” (furto de energia) e locais sem medidores que pagam apenas a taxa, deixando de cobrar o valor real do gasto do consumidor. “Atendemos os municípios do interior, que têm um número de ‘gatos’ bem maior que na Capital. Por isso nossa perda é tão grande”, explicou.
Para o presidente da companhia, o equilíbrio econômico-financeiro é necessário e ele disse ter um trabalho árduo pela frente para melhorar a arrecadação da empresa. “Temos que intensificar a fiscalização no interior para descobrir os gatos, diminuir nossas despesas com pessoal e material. Só assim teremos uma empresa pronta para ser federalizada”.
A Companhia Energética de Roraima atende 90 localidades nos 14 municípios do interior do Estado. “Vamos continuar trabalhando para erguer a CERR. Já conheço um pouco a realidade porque fui presidente em outra oportunidade. Temos que trabalhar para que a CERR seja uma empresa idealizada”. (V.V)
Roraima será autossuficiente em energia a partir de abril
Atualmente, a Companhia Energética de Roraima compra energia da Eletrobras Distribuição Roraima, cliente da Eletronorte, que recebe energia da Venezuela, por meio do Linhão de Guri. “Para suprir a demanda do Estado, a Eletrobras contratou, em 2010, duas locadoras, que produzem juntas 60 megawatts. A partir de abril deste ano, deveremos ter mais energia proveniente da usina de Monte Cristo (97 MW), do Distrito (20 MW) e do Novo Paraíso (12 MW). Com essa geração térmica e somada, teremos a condição de suprir toda a demanda do Estado, sem precisar da Venezuela”, explicou Carramilo.
Hoje, Roraima necessita de 160 MW e, em breve, poderá ter 189 MW gerados pelas termelétricas no Estado. Assim, não precisará mais dos 95 MW fornecidos pelo país vizinho. Com as novas usinas, Roraima terá energia garantida para, pelo menos, mais quatro anos. Até lá, em 2020, o Linhão de Turucuí poderá ter chegado ao Estado.
Ainda segundo o presidente, a inconstância do fornecimento de energia pelo Linhão de Guri não é por causa das secas dos rios da Venezuela, mas sim por problemas técnicos. “As máquinas de lá estão dando problemas e os técnicos em manutenção foram todos embora do país”, afirmou. (V.V)