Moradores de proximidades da Vicinal 1, a quatro quilômetros da sede do município de Rorainópolis, estão vivendo na sujeira. No local, onde fica situado um aterro sanitário a céu aberto, é comum que haja escorrimento do lixo para a vicinal, residências próximas e igarapés.
Segundo um dos moradores da vicinal, o criador de gado Antônio Sampaio, a água poluída escorrendo e animais típicos de lixão são os principais incômodos em seu cotidiano. “Eu tenho dois terrenos aqui na vicinal. Um fica de frente do lixão e o outro ao lado. E é muito comum ver uma água poluída escorrendo para dentro dos terrenos. Têm moscas demais, sem falar nos urubus. Todo tempo tem gente da minha família ficando doente”, relatou.
Antônio também contou que em dias mais chuvosos é comum ver o escorrimento de água chegar até a sede do município de Rorainópolis, uma vez que o relevo da região da vicinal é mais alto que o da cidade. “Não diria que a população está acostumada, pois não tem como ficar acostumado com isso. Mas o pessoal já não fica mais surpreso. O fedor do lixão já é comum para todo mundo, mas nunca deixou de ser um incômodo para nosso bem-estar e saúde”, comentou.
Um morador da região, que optou por não ser identificado, mencionou que, além das casas, muitos desses escorrimentos acabam chegando aos igarapés da região, fazendo com que o uso recreativo das águas fique impossibilitado. “Os igarapés estão com cheiro de chorume, tá acumulando por lá. Já contei dois como totalmente impossibilitados de serem usados. Já entrei em contato com a prefeitura, mas nunca me deram retorno. Disseram que já receberam esse tipo de denúncia, mas até agora não vejo mobilização alguma”, disse.
O morador também falou que, no futuro, uma manifestação poderá ocorrer na vicinal, uma vez que o clima de revolta está pairando entre aqueles que vivem no local. “Do jeito que as coisas vêm caminhando, uma manifestação por parte dos moradores poderá estourar a qualquer momento. O clima de indignação é unânime”, explicou.
A saúde da dona de casa Rosilene dos Santos está debilitada devido ao odor exalado pelo lixão. Ela contou que, apesar de sentir o cheiro de lixo no terreno em que vive desde 2009, a proporção do problema foi aumentando com o passar dos anos. “Na quinta, eu estava com ânsia de vômito e hoje [sexta] eu estou com muita dor de cabeça. Isso é efeito desse cheiro do lixo que nós vivemos sentindo por aqui. No verão é horrível por causa das queimadas que ocorrem e, no inverno, é pior, pois o lixo vai para a vicinal e fica escorrendo nas casas por aqui. É comum ver o lixo bloqueando a vicinal. Quando isso ocorre, a prefeitura vem empurrar de volta. Mas não tem como fazer isso com a água escorrendo”, criticou.
OUTRO LADO – A Prefeitura de Rorainópolis, por meio das Secretarias de Meio Ambiente e de Urbanismo, informou por nota que o lixão será desativado no final das chuvas e, através de um plano de recuperação de áreas degradadas pelo lixão, que está em elaboração, será feita a recuperação da área que foi utilizada. Contudo, para evitar transtornos, será realizada uma limpeza no local do atual lixão em caráter de urgência.
Afirmou ainda que os resíduos sólidos urbanos serão destinados à nova área, já selecionada e repassada pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), na modalidade de aterro controlado provisoriamente enquanto captamos o recurso para construção do aterro sanitário apropriado. (P.B)