REDE ESTADUAL

Professores denunciam diretora de escola por suposto assédio moral e abuso de poder

Conforme a denúncia, a gestora teria agido de forma "manipuladora" e causado o adoecimento psicológico de funcionários

A Escola Estadual Professora Maria Neves Rezende é no bairro Asa Branca (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)
A Escola Estadual Professora Maria Neves Rezende é no bairro Asa Branca (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Os professores da Escola Estadual Professora Maria Neves Rezende, localizada no bairro Asa Branca, denunciam a diretora da instituição por supostos assédios morais e abusos de poder. Conforme os relatos coletados pela FolhaBV, a gestora teria desligado ou forçado o desligamento de 21 funcionários sem justificativa plausível, mesmo havendo a demanda de profissionais.

Segundo uma ex-professora da instituição, onde trabalhou por 18 anos e foi desligada em julho do ano passado, a diretora teria agido de forma “manipuladora” diversas vezes e causado o adoecimento psicológico de funcionários. Ela afirmou que alguns teriam solicitado afastamento e pedido transferência de escola.

“Houve uma situação em que uma professora passou mal, devido à pressão alta. Ela pediu para ser liberada para que pudesse ir ao hospital, mas a diretora da escola não deixou”, relatou a ex-professora, que não quis ser identificada.

O ex-professor de matemática que procurou a reportagem também foi um dos funcionários que foram desligados sem justificativa. Ele deu aula na escola por cerca de oito anos, a maior parte para alunos da modalidade de Educação para Jovens e Adultos (EJA).

Memorando de um dos funcionários desligados da escola; Não consta o motivo do desligamento (Foto: Arquivo pessoal)

O profissional afirmou que saiu de férias no fim do ano passado com a certeza de que continuaria trabalhando na escola. Ele chegou a receber uma proposta para trabalhar em outra instituição, mas recusou por ser distante de casa e porque ainda estaria com o emprego garantido.

“Para a minha surpresa, ao me apresentar no inicio do ano letivo de 2024, a gestora informou que eu não fazia mais parte do quadro de funcionários, mesmo tendo a necessidade. Ao serem questionadas por mim, ela falou que eu não atendia os interesses da escola, mas não souberam responder quais interesses seriam esses. Eu nunca faltei ou usei atestado médico enquanto trabalhava. Sempre busquei ajudar meus colegas de profissão e alunos”, disse.

Os dois ex-professores que conversaram com a FolhaBV relataram que a diretora teria suspendido a modalidade EJA no segundo semestre de 2023, devido à baixa procura, mas sem avisar os alunos da instituição, que foram transferidos para outra escola, ou a equipe de professores, que foram desligados da instituição.

Além disso, conforme a denúncia, a gestora não teria solicitado o consentimento dos educadores ou dos pais dos estudantes para instalar câmeras dentro das salas de aula.

OUTRO LADO

Em depoimento à FolhaBV, a diretora da Escola Estadual Professora Maria Neves Rezende disse que prioriza pelo “ambiente de trabalho respeitoso, harmônico e acolhedor”. A Secretaria de Educação e Desporto (SEED) informou em nota que está ciente da denúncia dos professores e irá realizar uma investigação dos fatos.

“A Secretaria de Educação e Desporto informa que tomou conhecimento da situação e montou uma comissão para apurar os fatos sobre o comportamento da gestora.

Esclarece que as câmeras de monitoramento foram instaladas como parte do protocolo de segurança nas escolas, um documento norteador com orientações a serem seguidas pelas escolas estaduais contra atos de violência dentro do ambiente escolar. A medida foi tomada desde abril de 2023.

Sobre a Educação de Jovens e Adultos, informa ainda que não houve procura suficiente para a modalidade na instituição. Todos os estudantes matriculados foram transferidos para o Colégio Estadual Militarizado Presidente Tancredo Neves.

Por fim, ressalta que o número mínimo de estudantes para fechamento de turma para a EJA na capital é de 35, e o número de procura foi de nove alunos”.