CUIDADOS

Perda auditiva: um problema que deve alcançar 900 milhões de pessoas até 2050

De acordo com a ONU, atualmente, aproximadamente 470 milhões de indivíduos apresentam algum tipo de deficiência auditiva, e esse número deve dobrar até 2050

De acordo com a ONU, atualmente, há cerca de 470 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva. (Foto: Divulgação/Sesau)
De acordo com a ONU, atualmente, há cerca de 470 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência auditiva. (Foto: Divulgação/Sesau)

A perda auditiva é um problema crescente que se estima afetar cerca de 900 milhões de pessoas até 2050. Mesmo com a disponibilidade de exames audiológicos, é preocupante observar que os pacientes geralmente levam em média 7 anos para buscar ajuda especializada, conforme relata a Associação Brasileira de Otorrinolaringologia.

Este problema é muitas vezes invisível e difícil de ser percebido pelos próprios pacientes, afetando um número cada vez maior de pessoas em todo o mundo. De acordo com a ONU, atualmente, aproximadamente 470 milhões de indivíduos apresentam algum tipo de deficiência auditiva, e esse número deve dobrar até 2050.

Essa tendência alarmante, conforme destacado pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é em grande parte atribuída a percepções equivocadas arraigadas na sociedade e a estigmas que limitam os esforços de prevenção e tratamento da perda auditiva. É crucial aumentar a conscientização para combater essa “epidemia” que se projeta para as próximas décadas.

É por isso que, anualmente, em 3 de março, a comunidade global se une em prol do Dia Mundial da Audição. Neste ano de 2024, o foco está na importância da manutenção da audição ao longo da vida, sob o lema “Para ouvir por muito tempo, ouça com cuidado”, buscando corrigir equívocos que prejudicam a adoção de medidas eficazes de prevenção e tratamento da perda auditiva.

Entre as recomendações-chave estão o uso de protetores auriculares em ambientes ruidosos, como shows e locais de trabalho, e a realização de avaliações auditivas anuais por profissionais de otorrinolaringologia e fonoaudiologia.

Segundo Christiane Nicodemo, mestre em distúrbios da comunicação e linguagem, especialista em cuidados integrativos e reabilitação auditiva, do Hospital Paulista, as pessoas geralmente desconhecem os fatores associados à perda auditiva e negligenciam exames regulares. Doenças como diabetes, hipertensão, obesidade e tabagismo podem acelerar esse processo, mas muitas vezes passam despercebidas pelos pacientes e suas famílias.

Mesmo após a realização de exames audiológicos, é preocupante que as pessoas ainda levem em média 7 anos para procurar ajuda especializada, conforme relatado pela Associação Brasileira de Otorrinolaringologia. Esse atraso na busca por tratamento ressalta a necessidade urgente de conscientização sobre a importância da detecção precoce e do tratamento adequado.

Um dos exames mais recomendados para diagnóstico e acompanhamento da perda auditiva é a audiometria, um procedimento acessível, indolor e não invasivo que fornece informações cruciais sobre a capacidade auditiva do paciente. Se necessário, o uso de aparelhos auditivos pode melhorar significativamente a qualidade de vida e prevenir complicações como a demência precoce, resultante do isolamento social causado pela surdez.

Dr. José Roberto Gurgel Testa, otorrinolaringologista do Hospital Paulista, destaca que a falta de prevenção não apenas prejudica indivíduos e famílias, mas também tem um impacto significativo na economia global. A OMS estima que o custo anual da perda auditiva não tratada seja de US$ 980 bilhões, incluindo perda de produtividade e exclusão social.