ESTIAGEM NO UIRAMUTÃ

Moradores da sede e de comunidades indígenas reclamam de falta de água

Não bastasse a forte estiagem, atos de vandalismo na tubulação teriam sido registrados na região

Moradora da rua da Pista, na sede do Uiramutã, a dona de casa Kayla Edwin lamenta que passa até uma semana sem ter água na torneira. (Foto: Almícar Júnior)
Moradora da rua da Pista, na sede do Uiramutã, a dona de casa Kayla Edwin lamenta que passa até uma semana sem ter água na torneira. (Foto: Almícar Júnior)

A forte estiagem que atinge Uiramutã, ao Norte de Roraima, está secando os poços artesianos da Companhia de Águas e Esgoto de Roraima (CAER) na sede do município. Pelos menos quatro bairros já enfrentam a falta de água e os moradores cobram providências.

A dona de casa, Kayla Edwin, de 20 anos, é mais uma que reclama da falta e do racionamento de água. Moradora da rua da Pista, ela conta que passa até uma semana sem ter água na torneira. “Tenho crianças em casa, por isso a situação fica ainda mais complicada. Passamos até uma semana sem ter água na torneira e no chuveiro. Aí, não tem como banhar as crianças, nem lavar louça e roupa. É triste”, lamentou.

Para amenizar a situação, Kayla disse que pega água na casa de vizinhos e parentes em outros bairros. Quando a água chega em sua casa, geralmente de madrugada, ela aproveita para encher a caixa, mas não é suficiente para atender suas necessidades.

Atualmente, há sete poços artesianos ativos na sede, mas a estiagem fez baixar a vasão em todos, o que implica no fornecimento. A Caer tem ainda um reservatório e uma barragem no rio Urucá. Ambos também atendem os moradores da sede, mas não é o suficiente.

+ Uiramutã decreta situação de emergência por conta da estiagem

+ Incêndios florestais atingem Uiramutã

Vândalos ateiam fogo na tubulação

Não bastasse a forte estiagem, no caso da barragem, atos de vandalismo teriam sido registrados na região que fica a 12 Km da sede de Uiramutã. De acordo com o chefe da Unidade de Sistema da Caer no município, Santilho Júnior, vândalos tocam fogo na tubulação, o que prejudica o abastecimento de água na sede.

“Outro problema que detectamos é o desmatamento que vem ocorrendo nas imediações da nascente do rio Urucá. Isso também fez baixar o volume de água, que não está chegando na sede. Infelizmente, ainda temos que lidar com vandalismo e crime ambiental. Isso prejudica a vida de todos que moram aqui da sede”,

lamentou Santilho.

Vasão baixa

Chefe da Unidade de Sistema da Caer no Uiramutã, Santilho Júnior, lamentou que vândalos tocam fogo na tubulação. (Foto: Almicar Júnior)

Quem mora atrás da escola estadual Joaquim Nabuco, na região da “Baixada”, também reclama da constante falta de água. Santilho explicou que nesse bairro, a vasão fica baixa em tempo de estiagem, o que faz a bomba perder força.

“A bomba está a 90 metros de profundidade. Ela ainda tem que jogar mais 40 metros acima para atender os consumidores da parte mais elevada do bairro. E isso não está ocorrendo porque o poço está com baixa vasão”, explicou.

Como medida paliativa, Santilho informou que está fazendo manobra de água, ou seja, ele fecha o registro e joga água para um lado e depois para o outro.

Perfuração de poços

Ainda segundo o chefe da Unidade de Sistema, a previsão é que mais dois poços sejam perfurados pela Caer ainda neste semestre na sede do Uiramutã. Um ficará na rua Francisco Barrudada e o outro no bairro da “Baixada”, mas até lá, conforme entrevista, a Companhia vai continuar racionando água.

Santilho informou que o poço que fica na agência está atendendo de segunda-feira a sábado, das 7h30 às 13h30. Depois desse horário, o chefe avisou que tem que ligar a bomba para encher novamente o reservatório. A Caer atende a mais de mil consumidores na sede.

“O momento é de estiagem. Portanto, é preciso que todos tenham consciência sobre o uso consciente da água. Evite o desperdício”,

orientou Santilho.

Água distribuída em tonéis

Como medida paliativa, a Prefeitura do Uiramutã, Defesa Civil municipal e Fundação do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh) distribuem água em tonéis aos moradores mais afetados pela escassez de água. São mais de 20 mil litros de água distribuídos por dia na sede.

As equipes também levam água a comunidades indígenas nas imediações da sede. A seca também compromete a produção de mandioca, matéria-prima da farinha. Em algumas regiões, como a do Caraparu III, por exemplo, o gado está morrendo por falta de pasto.

Apesar do risco iminente de novas queimadas, o número de focos de incêndio caiu esta semana no Uiramutã, mas o coordenador da Defesa Civil do Uiramutã, Julimar Sena, alertou que ainda há comunidades indígenas queimando roças, o que traz riscos de novos incêndios na região.

+ Indígenas ajudam brigadistas a conter incêndios em Uiramutã

Novos brigadistas

Para reforçar o combate ao fogo, o governo do Estado mandou na semana passada, mais 15 novos brigadistas seletivados ao Uiramutã. Contudo, eles ainda aguardam receber uniformes e equipamentos da Capital.

Além dos brigadistas municipais e dos agentes do Prevfogo, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), as comunidades indígenas também ajudam a combater os focos de incêndio, disponibilizando voluntários. Militares do 6° Pelotão Especial de Fronteira (PEF), do Exército Brasileiro, também ajudam no combate às queimadas.