ALIMENTAÇÃO

Carne de caça é nutritiva? Estudo faz levantamento de alimentos consumidos na Amazônia

O consumo de carne de caça diminui a prevalência de deficiência de ferro em crianças que vivem nas margens dos rios

O consumo de carne de caça reduz a taxa de deficiência de ferro (anemia) entre crianças ribeirinhas (Foto: Carlos Rocha)
O consumo de carne de caça reduz a taxa de deficiência de ferro (anemia) entre crianças ribeirinhas (Foto: Carlos Rocha)

O consumo de carne de caça no Brasil é ilegal, mas existe exceção somente em casos da subsistência das comunidades tradicionais, povos indígenas e ribeirinhos. Com objetivo de realizar um estudo do consumo alimentar no país levando em consideração os costumes de cada região, pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão produzindo um estudo para determinar o valor nutricional de carnes de animais como a paca, mutum e tartaruga na Amazônia.

Metodologia

Os alimentos que vão ser estudados foram doados por ribeirinhos e as amostras conservadas em nitrogênio foram levadas para Tefé no Amazonas e de lá seguiram para a UFRN em Natal e para a Universidade de São Paulo (USP). As carnes de caça serão analisadas com base em seus macro e micronutrientes, com inclusão dos dados na Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (TBCA) do Centro de Pesquisa em Alimentos.

Alimentos
Os alimentos serão analisados também para identificar a qualidade da alimentação, carências nutricionais, composição química, além de indicar um esforço para compreender sobre a biodiversidade alimentar do país. Outro ponto analisado é se há mostras de metais pesados nos alimentos, considerando que há pontos de garimpo ilegal próximos à região de coleta.

Uma das justificativas para a realização da pesquisa leva em consideração um estudo realizado por pesquisadores da Fiocruz da Amazônia, que concluiu que o consumo de carne de caça reduz a taxa de deficiência de ferro (anemia) entre crianças ribeirinhas. Portanto, o estudo sugere que caso as crianças mantenham seus costumes e passem a consumir carne de caça de antas e porcos selvagens, há chance de uma redução de casos de anemia em 20%.

Pesquisa
A pesquisa é liderada pela pelo Departamento de Nutrição da UFRN. O estudo também faz parte de um projeto do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, ligado ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. As atividades da URFN foram autorizadas pelo Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade.