OPINIÃO

Além dos Números: A Arte da Gestão Empresarial e o Princípio da Entidade em Pequenos Negócios

Além dos Números: A Arte da Gestão Empresarial e o Princípio da Entidade em Pequenos Negócios

Rubens Savaris Leal

No universo dos pequenos e micro negócios, a gestão empresarial se apresenta não apenas como um desafio, mas como uma verdadeira arte que demanda dedicação, conhecimento e uma constante busca por equilíbrio. Um aspecto fundamental, e muitas vezes negligenciado nesse processo, é o princípio da entidade, que estabelece uma clara distinção entre os bens pessoais dos proprietários e os bens da empresa. Este artigo visa explorar a importância da gestão empresarial eficaz, enfatizando o princípio da entidade e como sua correta aplicação pode ser o diferencial para o sucesso e sustentabilidade de pequenos empreendimentos.

Pequenos e micro negócios constituem a espinha dorsal de muitas economias, não apenas por sua capacidade de gerar emprego, mas também por sua contribuição para a inovação e dinamismo econômico. No entanto, a gestão dessas empresas apresenta desafios únicos, especialmente quando se trata de separar as finanças pessoais das empresariais. Aqui, o princípio da entidade não é apenas uma formalidade contábil; é uma prática essencial que protege tanto a saúde financeira do negócio quanto a do empresário.

A importância de adotar uma gestão que respeite o princípio da entidade pode ser ilustrada pelo caso de Carlos, proprietário de uma pequena padaria na periferia de uma grande cidade. Inicialmente, Carlos gerenciava as finanças de sua padaria de forma bastante informal, misturando despesas pessoais com as da empresa. Essa prática, comum em muitos pequenos negócios, logo se mostrou insustentável. Dificuldades em avaliar o desempenho financeiro real da padaria e problemas com o pagamento de fornecedores eram frequentes. Foi somente após a decisão de tratar a padaria como uma entidade separada, com sua própria contabilidade e gestão financeira, que Carlos começou a ver uma melhora significativa na saúde financeira de seu empreendimento.

O caso de Carlos não é único. Muitos empresários enfrentam dificuldades semelhantes e, sem a devida orientação, podem ver seus sonhos empresariais se desfazendo. O princípio da entidade serve como uma bússola nesse cenário, orientando o empresário a manter um registro claro e distinto das finanças empresariais, o que é crucial para a tomada de decisões informadas, planejamento tributário eficaz e, eventualmente, para o crescimento sustentável do negócio.

Além da questão contábil, adotar o princípio da entidade reflete uma postura profissional e séria perante o mercado, os fornecedores, os clientes e as instituições financeiras. Tal postura não apenas facilita a obtenção de crédito e outras formas de financiamento, como também constrói uma imagem de credibilidade e confiança, elementos essenciais para qualquer negócio que busca se estabelecer e crescer em mercados cada vez mais competitivos.

Para os pequenos e micro empresários, a aplicação prática do princípio da entidade pode começar com passos simples, como a abertura de uma conta bancária separada para a empresa, a adoção de um sistema de contabilidade adequado e a consulta regular a um contador ou consultor financeiro. Tais práticas não apenas facilitam a gestão do dia a dia, como também preparam o terreno para uma expansão futura, protegendo o negócio e seus proprietários contra riscos financeiros desnecessários.

A gestão empresarial em pequenos negócios exige mais do que paixão e determinação. Exige a compreensão e aplicação de princípios fundamentais como o da entidade, que estabelecem as bases para uma operação sustentável e lucrativa. Ao abraçar esses princípios, os pequenos empresários não apenas protegem seu patrimônio, mas também pavimentam o caminho para o sucesso e a longevidade de seus empreendimentos. Em um mundo onde os números contam histórias, entender e respeitar a narrativa contábil de sua empresa é, sem dúvida, uma arte que merece ser dominada.

Professor no curso de Administração/UFRR