Feriados prolongados exercem um grande impacto para o mercado do turismo, especialmente por injetar dinheiro novo na economia local, além de contribuir para a geração de empregos. Foi assim na Semana Santa no Município de Mucajaí, onde tradicionalmente é realizada a Encenação da Paixão de Cristo, um momento especial para a economia daquela localidade.
No entanto, na Serra do Tepequém, no Município do Amajari, o principal ponto turístico de Roraima, o feriado foi marcado por um apagão energético de 18 horas, que começou por volta das 10 horas da manhã de sexta-feira e se estendeu até as 4 horas da madrugada de sábado, provocando prejuízos incalculáveis para os cerca de 30 empreendimentos turísticos da localidade e sérios transtornos para os moradores e turistas.
O problema foi causado por uma árvore que havia sido atingida pelas queimadas e que caiu sobre a fiação da rede de fornecimento de energia elétrica da região, na RR-203. A mesma situação ocorrera dias antes, em 13 de março, quando Tepequém ficou por 12 horas sem energia, internet e água. O que chama atenção é o tempo de resposta da empresa para solucionar o problema em um tempo mais breve possível.
O apagão atingiu também os moradores da Vila Ametista e da Vila do Trairão, onde os pequenos comércios são os mais atingidos, com destaque para aqueles que trabalham com alimentos perecíveis, a exemplo de açougues. A população, além de ficar incomunicável e sem o fornecimento dos serviços essenciais mais básicos, sofre com o calor e a infestação de carapanãs (muriçocas), o que impede o sono tranquilo que todo cidadão merece.
No Tepequém, os prejuízos foram incalculáveis. Além de alimentos que estragaram e dos transtornos comuns desse tipo de ocorrência, vários turistas desistiram e pediram ressarcimento da hospedagem. Quem não teve outra alternativa senão ficar, sofreu com suas crianças, especialmente as de colo, e muitos ficaram sem ter comércios abertos ou opção para se alimentar. Um verdadeiro caos com sérios reflexos para o turismo.
A demora para solucionar o problema em curto espaço de tempo poderia ser resolvido facilmente. A questão é que empresa energética não tem em Amajari uma equipe de sobreaviso, com um caminhão equipado. Tudo depende do envio de uma equipe de Boa Vista, ampliando ainda mais o tempo de resposta, uma vez que para chegar ao fim da linha, como é o caso de Tepequém, são no mínimo três horas de viagem por uma estrada de qualidade ruim.
Nesse apagão deste feriado, a queda da árvore ocorreu por volta das 10 horas da manhã de sexta-feira. A equipe foi acionada somente ao meio-dia, quando começou a se preparar em Boa Vista, e só chegou ao local da ocorrência por volta das 19h. Ou seja, foram 19 horas só para a chegada. O serviço só foi concluído na madrugada de sábado, quando a energia foi restabelecida por volta das 4 horas.
Se houvesse uma equipe de sobreaviso na sede do Amajari, na Vila Brasil, seria reduzido sobremaneira o tempo de resposta, ajudando a aliviar os prejuízos e transtornos para os moradores e turistas. Um abaixo-assinado está sendo feito pelos moradores reivindicando que haja uma equipe de prontidão aos feriados e fins de semana, cobrança essa que precisa ser acompanhada pelos órgãos de defesa do consumidor.
Não é mais tolerável que o principal ponto turístico do Estado não tenha a atenção devida das autoridades, a exemplo dos constantes apagões e da demora para agir em casos emergenciais. E isso sem contar que o problema pode se repetir, pois existem muitas árvores atingidas pelo fogo que podem cair a qualquer momento sobre a fiação. As autoridades precisam dar uma resposta urgente a este sério problema.
*Colunista