Cotidiano

Ex-diretor do Detran contesta atual gestão

Conforme ex-presidente, Tribunal de Justiça decidiu que cabe ao Detran continuar a instalação de chips ou devolver o dinheiro

O ex-presidente do Departamento Estadual de Transito (Detran), Edgilson Dantas, procurou a Folha para contestar algumas informações que estão sendo divulgadas pela nova diretoria do órgão em relação a sua gestão em 2014. Segundo ele, a informação divulgada, no início desta semana, de que os condutores que instalaram chips em seus veículos deverão aguardar a decisão judicial da ação é “inverídica”. “A ação não está mais na Justiça. O Detran  já foi notificado sobre isso. O Tribunal de Justiça já decidiu que cabe ao Detran continuar a instalação dos chips ou devolver o dinheiro. A decisão foi concedida pelo desembargador Almiro Padilha em dezembro”, disse Dantas.
Outra situação contestada por ele consta na matéria publicada pela Folha ontem, na qual o Detran informa que entre os meses de janeiro a setembro de 2014 foram 174 pessoas mortas em acidentes de trânsito na Capital, tendo um aumento de 20% em relação ao pano de 2013. “Por que eles só anunciaram até setembro? E o que aconteceu com os outros meses, se já estamos em janeiro e os dados estão acessíveis?”, questionou.
Ele destacou que houve um aumento no número de acidentes, e não de mortes. “Eles se equivocaram. No ano de 2013 morreram 188 pessoas vítimas de acidentes no trânsito. E em todo o ano de 2014 morreram 174, mostrando que houve uma redução de 14 no número de mortes”, disse.  
“Além disso, também anunciaram que houve um acúmulo de 15 mil documentos de veículos. Está errado novamente. Talvez por ter recém-assumido, não tenha o domínio direito das informações. Mas a verdade é que no Estado de Roraima tem 177 mil carros. Se dividir isso por 12, que são os números de meses, terá 15 mil documentos para serem entregues aos seus condutores todos os meses”, disse.
O ex-presidente afirmou que a gestão atual está reproduzindo o que já foi feito por ele. “O que foi possível fazer em nossa gestão a gente fez, os mutirões, o mapeamento da Capital, tudo isso também não é novidade, porque na nossa gestão já estava sendo feito”, enfatizou.
“Eu lamento essas informações porque, ao invés de a gestão estar preocupada em fazer algo pela sociedade, ela está preocupada em falar. Está na hora de pararem de se preocupar com o passado e pensar em mostrar serviço. A começar pelo concurso que os agentes estão esperando ser empossados e até agora nada. Mas eu acredito na boa formação dos novos gestores e torço para que dê certo, pois só ganha com isso o Estado. Não estou aqui querendo jogar pedra, muito pelo contrário, só estou para falar a verdade sobre a minha gestão”, frisou.
ATUAL GESTÃO – O presidente do Detran, Juscelino Kubitschek Pereira, contestou as declarações do ex-presidente sobre a decisão judicial. Ele afirmou que o processo encerrou-se somente em primeira instância. “Ele encontra-se em nível de segunda instância e segue na Justiça”, afirmou.
Segundo ele, uma comissão especial foi montada para fazer um estudo detalhado sobre o serviço rastreamento dos chips, proposto pela antiga gestão. “Nós não concordamos que os usuários paguem uma taxa pelo uso de um sistema que não está efetivamente sendo prestado. Entendemos que esse sistema foi montado de afogadilho, sem planejamento. Somente após o estudo é que nós iremos nos pronunciar sobre o assunto”, frisou.
A respeito do aumento do número de acidentes, e não de mortes, Juscelino Pereira considerou a afirmação um equívoco. “Se o ex-diretor entende – e eu não sei por que razão – que não tem havido um aumento crescente de vítimas no trânsito, eu acredito que ele está equivocado”, disse ao destacar que a discussão trata-se não da diferença do número de vítimas, e sim do “absurdo número de mortes que são inaceitáveis”.
Quanto à questão dos 15 mil documentos remanescentes, o presidente afirmou que estes processos não são mensais. “Antigamente, a pessoa precisava ir a quatro setores para conseguir a emissão do documento do veículo. Os documentos que encontramos foram de pessoas que solicitaram no primeiro setor e não informaram os outros que havia realizado o pagamento. Ou seja, por uma má organização das gestões anteriores”, afirmou.
Ele explicou que, a partir de agora, o Detran entrará em contato direto com o banco e o requisitante não precisará mais passar por tantos setores para receber o documento do veículo. “Nós emitimos, com esse novo sistema, os quase mil documentos por dia desses remanescentes”, frisou,
Kubitschek destacou que, com apoio de todos os servidores da instituição, uma gestão participativa está sendo promovida. “Por duas vezes ele já teve a oportunidade de dirigir o Detran, de mostrar o resultado do seu trabalho. Nós, em menos de 30 dias, observamos algumas situações e podemos promover esse melhoramento através do grande apoio que temos dos servidores que estão há anos lá dentro e conhecem o perfeitamente todos os problemas e as soluções que devem ser adotadas. Eles têm sido e serão peça fundamental para o nosso trabalho”, enfatizou. (JL)