Cotidiano

Agricultores de 11 municípios já podem exportar frutas

Boa Vista, Cantá, Mucajaí, Alto Alegre, Iracema, Caracaraí, Rorainópolis, São Luiz, São João do Baliza, Caroebe e região ao sul do Rio Tacutu, no município de Bonfim. Estes são os municípios e regiões que estão autorizados a realizar exportação de quaisquer tipos de frutas para outros estados e países, por serem reconhecidos como livres da Mosca da Carambola pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em resolução publicada no dia 15 de maio.

De acordo com o presidente da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), Gelb Platão, para o produtor das áreas citadas poder exportar sua mercadoria, é necessário ir até a sede da Aderr, localizada na rua Coronel Mota, 1142, Centro de Boa Vista, para contratar um responsável técnico, que possa fiscalizar o local da produção e, se necessário, colocar armadilhas contra a mosca.

“Nós indicamos os profissionais que temos disponíveis, o produtor contrata, no valor e termos que for acertado entre eles, e o técnico irá ao local realizar a inspeção e contribuir para o controle de possíveis ameaças. O único documento que iremos pedir é o Certificado Fitossanitário de Origem (CFO), que irá atestar a qualidade do produto de antemão”, explicou.

Os municípios de Normandia, Uiramutã, Pacaraima, Amajari e a região ao norte do Rio Tacutu, em Bonfim, ainda estão em estado de quarentena. Ou seja, passando por processo de fiscalização e implementação de armadilhas. Segundo o diretor de Defesa e Inspeção Vegetal da Aderr, Luiz Cláudio Estrella, esses municípios ainda não estão liberados devido a focos recentes da Mosca da Carambola, ocasionados pelo transporte de frutas contaminadas.

“As moscas não costumam voar mais de 30 quilômetros em seu ciclo de vida. Então o problema não é tanto da mosca voar até uma área ou outra, mas sim o transporte de frutas que possuem larvas dela. Uma mosca normal não reproduz mais de 300 larvas. A Mosca da Carambola reproduz 1.500. Então não é um bicho que contamina um ambiente por conta própria, mas ao jogar uma fruta com as larvas no chão, já era”, dissertou.

Sobre fiscalizações que ocorrem atualmente, Estrella comentou que 49 servidores estão fazendo parte de barreiras fitossanitárias vegetais, fiscalizando veículos que passam pela fronteira com a Guiana, com o Amazonas, e em outros locais que ainda estão de quarentena.

“Enquanto a Guiana não resolve esse problema por conta própria, nós estamos realizando fiscalização de veículos que passam pela fronteira. É um trabalho de enxugar gelo, mas estamos fazendo de forma organizada. Procuramos prevenir que a mosca chegue ao estado, que aquelas que já estão aqui não passem para municípios que estão livres dela, e, no pior cenário, impedir que frutas contaminadas sejam levadas para outros estados”, explicou.

Luiz Estrella também comentou que diversas armadilhas estão sendo implantadas em regiões consideradas de maior contaminação, para atrair e grudar machos da espécie nelas. “As armadilhas possuem o raio de alcance de um quilômetro. E elas são feitas de uma fragrância idêntica à emitida por fêmeas da espécie quando estão em período propício à reprodução. Só que ela é feita de forma concentrada, então faz todos os machos da região voarem em instantes até a armadilha”, afirmou.

A Mosca da Carambola chegou ao estado de Roraima pela Guiana, em meados de 2009. O nome surgiu pelo fato de que o inseto veio para o estado através de uma caramboleira, tipo de plantação ainda considerada como a mais comum de haver contaminação. De acordo com a Aderr, o estado de Roraima estava perdendo R$ 20 milhões por ano devido à impossibilidade da exportação de mangas, principal fruta que movimentava a economia do estado.

“A barreira comercial do estado de Roraima é sanitária. A única coisa que impede o estado de desenvolver uma economia forte através de alimentos é a questão sanitária. Enfrentamos ácaro vermelho, ácaro do citros, febre aftosa, entre outros tipos de pragas e doenças que limitam o estado. Por isso, essa resolução do Ministério da Agricultura é essencial. É uma conquista comercial para o produtor”, contou o presidente da Aderr, Gelb Platão.

Em sua fala, o presidente fez ênfase ao crescimento econômico exponencial que a resolução do Ministério da Agricultura pode ocasionar, e o desafio de quase uma década em vencer o inseto. “O estado de Roraima precisou de mais de dez anos para que ficasse livre da Febre Aftosa. No caso da Mosca da Carambola, foram oito anos. Foi rápido, mas bastante suado. O trabalho realizado pela Aderr foi massivo em cima dessa mosca. A sorte foi termos o apoio do Governo do Estado, pois ele reconheceu que o prejuízo estava sendo muito grande para a economia de Roraima como um todo”, finalizou. (P.B)