Enquanto a política partidária esquenta em uma campanha eleitoral antecipada, a seca, os incêndios e a fumaça aos poucos vão perdendo força para dar lugar ao início do período chuvoso nas próximas semanas. As chuvas que caíram nesses últimos dias na Capital e em algumas regiões do interior, especialmente Amajari, Norte do Estado, são apenas prenúncio do inverno roraimense.
Se os políticos estão antecipando uma campanha eleitoral que se mostra acirrada, por outro lado significa que não tem ninguém preocupado com a virada climática que se desenha, que significará que o povo sairá da condição de sofredor por causa do fogo e da seca para vítima dos estragos que o inverno fatalmente provoca nas cidades.
Mais que nunca, os gestores públicos precisam estar de olho nas mudanças climáticas. As agências internacionais de meteorologia voltaram a confirmar que o El Niño responsável pela seca extrema em Roraima vem enfraquecendo de forma gradual desde o começo do ano e com a tendência de chegar ao fim nos próximos dias deste mês de maio.
O mais recente boletim semanal da Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera (NOAA), que é a agência de tempo e clima do governo dos Estados Unidos, indicam que águas mais frias das profundezas do Pacífico começaram a emergir na superfície, por meio de um fenômeno chamado de ressurgência, dando início ao processo que deve levar a um evento de La Niña, ou seja, um fenômeno que muito provavelmente provocará um inverno rigoroso em Roraima.
O início do La Niña está previsto para a partir do segundo semestre desse ano, no entanto, o resfriamento já notando no Pacífico Leste ainda não pode ser considerado o início do fenômeno. Antes disso, haverá um período de transição conhecido como fase neutra ou de neutralidade, que não deve ser confundida com normalidade no clima.
Conforme os dados da NOAA divulgados pelo site MetSul, essa fase de neutralidade será registrada agora, no trimestre de abril a junho, o que significa que teremos o início de um inverno normal e que irá aumentar gradualmente a partir do trimestre de julho a setembro, com a transição rápida do El Niño para La Niña se concretizando entre setembro e novembro. Significa que poderemos ter um período de chuva mais intenso e longo.
Ou seja, se os políticos anteciparam a campanha eleitoral, é muito provável que eles não estejam preocupados com a estimativa de um inverno mais rigoroso e longo este ano, sem que seja construído um plano para o enfrentamento dos antigos problemas de alagamentos, estradas e vicinais obstruídas por bueiros e pontes de madeira arrastadas pelas enxurradas, bem como atoleiros intransponíveis.
Em outras palavras, pelo que se desenha no cenário político, iremos pular da frigideira e cair na fogueira, com o povo nem se importando com aqueles que nada fizeram no período de seca e fogo, os quais continuarão a não fazer nada diante das fortes chuvas que se avizinham. Alertas não faltaram para a seca severa e também não estão faltando para o período de chuvas intensas.
*Colunista