Cotidiano

Jucá é apontado por investigado como beneficiário de esquema

Em matéria da revista Veja desta semana, o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, cita dezenas de políticos que estariam envolvidos no megaesquema de corrupção

Na reportagem “Escândalo na Petrobras – O Delator Fala”, publicada na edição desta semana da revista Veja, o senador Romero Jucá (PMDB) é apontado pelo ex-diretor de Abastecimento e Refino da Petrobras, Paulo Roberto Costa, como envolvido no esquema de lavagem de dinheiro na estatal. O investigado foi preso em março pela Polícia Federal sob acusação de participação no mesmo esquema e decidiu revelar detalhes para obter a delação premiada.
Na legislação brasileira, delação premiada é um benefício legal concedido a um acusado que aceite colaborar na investigação ou entregar seus companheiros. Por conta disso, em uma série de depoimentos iniciados semana passada à Polícia Federal, Paulo Roberto Costa apontou como supostos participantes no megaesquema nomes importantes na política brasileira, como: o ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo no dia 13 de agosto; a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB) e Sérgio Cabral, ex-governador do Rio (PMDB), Edison Lobão, ministro das Minas e Energia, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Além de Jucá, entre os contemplados estariam ainda os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e os deputados João Pizzolatti (PP-SC) e Candido Vaccarezza (PT-SP) e Mário Negromonte, ex-ministro das Cidades.
Na versão para a web, a publicação da revista Veja não dá detalhes sobre a possível participação de Jucá no esquema, mas adianta que na assinatura dos contratos bilionários, as empreiteiras contratadas pela companhia tinham, obrigatoriamente, que contribuir para um caixa paralelo cujo destino final eram partidos e políticos de diferentes partidos da base aliada do governo (PT, PMDB e PP).
Os políticos receberiam 3% do valor dos contratos da Petrobras na época em que Costa era diretor de distribuição da estatal, entre 2004 e 2012. O pagamento das propinas serviria, segundo ele, para que os partidos aliados continuassem apoiando o Palácio do Planalto no Congresso Nacional.
Pelas investigações da Polícia Federal, empreiteiras com contratos com a Petrobras fizeram pagamentos suspeitos ao doleiro Alberto Youssef e a Paulo Roberto Costa a partir de transações com empresas laranjas. Ainda na primeira fase, a Receita Federal apontou o repasse de mais de R$ 90 milhões de empreiteiras com contratos com a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, para a MO Consultoria, empresa de Youssef, entre 2009 e 2013.
A suspeita é de que, a partir daí, o dinheiro teria abastecido campanhas eleitorais de deputados, senadores, governadores e até de um ministro.  Ao jornal O Globo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que todos os nomes dos políticos mencionados por Costa serão enviados ao STF (Supremo Tribunal Federal). “Todos os termos da delação premiada serão encaminhados ao Supremo. Cabe ao Supremo decidir o que é e o que não é [consistente]”, disse Janot ao veículo. Os depoimentos começaram na semana passada e ainda não há prazo para conclusão da nova etapa.
Romero Jucá nega envolvimento
Em nota à Imprensa, o senador Romero Jucá (PMDB) repudiou as informações veiculadas pela revista “Veja” e nega ter recebido qualquer contribuição de campanha e quaisquer outros recursos por meio do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa. “O senador esclarece que não tem nenhum relacionamento pessoal com o senhor Paulo Roberto e o contato com ele sempre foi a nível institucional”, informa a nota.
O senador afirma ainda, na nota, que todas as doações de campanha foram feitas respeitando a legislação e estão disponíveis para consulta. “O senador Romero Jucá teve todas as contas aprovadas por unanimidade pelo Tribunal Regional Eleitoral e não teme qualquer tipo de investigação”, garantiu a nota.