Cotidiano

Funcionários da limpeza fazem paralisação

Sem receber pagamento há três meses, terceirizados que fazem a limpeza da maternidade cruzaram os braços em protesto

Funcionários responsáveis pela manutenção e limpeza do Hospital Materno Infantil Nossa Senhora de Nazareth, localizado no bairro São Francisco, zona Norte, suspenderam ontem suas atividades por falta de pagamento dos salários. Os auxiliares de serviços gerais são contratados pela empresa Vale Serviços Terceirizados.
Um servidor disse à Folha que há três meses, o dinheiro não é repassado pelo Governo do Estado, conforme foi dito pela Vale para os seus empregados. “O pessoal da empresa nos mostrou um documento, que diz que o Estado não realizou o pagamento nesse tempo. Enquanto isso, temos cerca de 60 famílias de empregados aqui, na maternidade, dependendo desse dinheiro”, disse.
Uma funcionária relatou que estão preocupadas, porque surgiram rumores de que outra empresa será contratada. “Não me interessa o que vai acontecer depois. Só queremos receber o que é nosso por direito”, disse, mostrando-se emocionada. “Temos lutado por isso há meses, mas hoje decidimos suspender o serviço para dar um basta nessa situação”.
Outro empregado disse: “A empresa disse que, se nós não corrermos atrás, vamos perder esse dinheiro. Esse papel que eles mostraram, segundo eles, é o registro de que o dinheiro não foi repassado. A gente não sabe em quem acreditar. Mas, como disseram alguns colegas, queremos o que é nosso. Trabalhamos por isso, é justo que recebamos”.
O responsável pelo contrato da Vale na maternidade, que preferiu não se identificar, confirmou que o valor não havia sido pago pela gestão anterior e disse que a empresa recomendou os funcionários a reclamarem o pagamento ao governo.
EMPRESA – Na sede da Vale, a Folha não foi recebida por nenhum diretor, nem conseguiu detalhes sobre o valor devido pelo governo. Uma funcionária disse que os responsáveis pelo setor de recursos humanos e da direção da empresa, não estavam presentes no momento. Ligações posteriores não foram atendidas.
GOVERNO – Em nota, a Secretaria de Comunicação do Governo do Estado esclareceu que a gestão anterior não honrou o pagamento às empresas terceirizadas e, como medida emergencial, a direção do hospital está providenciando a limpeza de setores essenciais da maternidade, como o centro cirúrgico e a sala de partos.
A nota mencionou o anúncio do “reequilíbrio das contas públicas e a suspensão, por 180 dias, do pagamento das dívidas deixadas pela gestão anterior, período no qual todos os contratos e convênios firmados estão sendo analisados de forma criteriosa”. Frisou que foi criado o Comitê Estratégico de Gestão e Planejamento (Cegep), que analisará a prioridade para quaisquer pagamentos a serem realizados pelo governo. Não foi informado o valor da dívida. (J.P.P)