Após ter reagido a uma tentativa de assalto no bairro Asa Branca, um comerciante de 44 anos, que não quis se identificar, alega ter tido a casa invadida policiais militares, que teriam supostamente agredido ele e a família. Segundo R.R.L., os policiais atiraram nele com balas de borracha e usado arma de choque contra a esposa e a filha de 15 anos dele.
Conforme o denunciante, ele andava pela rua, durante a noite, quando foi surpreendido por um bandido que teria tentado roubar a pulseira de ouro do empresário. Por ser lutador de muay thai, ele disse que reagiu à tentativa e agrediu o assaltante até ele ficar desacordado. Enquanto isso acontecia, os moradores teriam chamado a Polícia Militar de Roraima (PMRR).
O comerciante foi para casa e, por volta de 1h, escutou policiais tentarem entrar na casa e teriam arrombado o portão. Nesse momento, ele disse que os agentes teriam disparado cerca de sete balas de borracha. “Eu pedi para não atirarem, pois não ia reagir, mas só escutei o barulho de três balas me atingindo”, relembrou.
O contato com o material deixou ferimentos nele na região da axila e nas mãos, como podem ser verificados nas imagens registradas pela reportagem. Ele relatou ainda que os policiais teriam usado arma de choque contra a esposa e a filha de 15 anos. Além disso, o outro filho, uma criança, teria presenciado toda a situação.
“Os policiais disseram que seria preso em flagrante e eu expliquei que não tinha matado ninguém, só reagido ao assalto. Eu confesso que deixei o assaltante bastante ferido, mas foi em legítima defesa. E se ele tentasse me esfaquear? Será que pensariam dessa forma?”, explicou o homem, que aparentou estar abalado.
Após a abordagem, ele conta ter sido levado para o Hospital Geral de Roraima (HGR) para levar ponto, devido à gravidade dos ferimentos. Depois, disse que foi encaminhado à delegacia, onde passou a noite em uma cela com outras pessoas, sem ter conseguido dormir. No início da manhã, após ter realizado o exame de corpo de delito, ele foi liberado.
“Eu sou de Fortaleza. Cheguei aqui sem nada e dormia no chão. Lutei muito para abrir minha loja. Não uso droga e nem sou envolvido com crimes. Sou pai de família, não admito ser tratado dessa forma pelos policiais. Foi muito humilhante e passei muita vergonha”, disse.
Assim que foi liberado, o empresário disse que foi até a Corregedoria da PMRR para registrar o ocorrido. Afirmou também que iria denunciar a situação no Ministério Público do Estado de Roraima (MPRR).
O empresário relata estar com o psicológico abalado após a ocorrência. “Estou com muito medo, não desejo isso para ninguém”, completou.
Outro lado
A FolhaBV acionou a Polícia Militar de Roraima, que se manifestou por meio da seguinte nota:
A Polícia Militar de Roraima informa que a denúncia de suposta agressão policial no bairro Asa Branca nesta quarta-feira, 17, foi formalizada na Corregedoria da PMRR na manhã desta quarta, onde foi colhido o Termo de Declaração e o denunciante encaminhado para o Instituto de Medicina Legal para a realização do exame de corpo de delito.
Informa que após a coleta de informações serão realizadas diligências preliminares a fim de investigar as declarações feitas e destinadas a reunir informações necessárias à apuração de fatos narrados pelo denunciante.
Esclarece que, comprovada a veracidade dos fatos denunciados, os envolvidos serão responsabilizados, uma vez que a corporação não tolera qualquer tipo de excesso na conduta dos policiais, atos de violência ou ações arbitrárias no atendimento de ocorrências ou abordagens.
A PMRR reforça o compromisso com a estrita legalidade, não tolerando qualquer tipo de excesso na conduta dos seus policiais, atos de violência ou ação arbitrária no atendimento de ocorrências ou abordagens.
Orienta a população ainda que qualquer reclamação ou denúncia relacionada aos policiais militares poderá ser encaminhada à Corregedoria da Corporação, localizada na avenida Cap. Júlio Bezerra, 673, Centro, ou por meio da Ouvidoria, que pode ser acessada pelo site https://pm.rr.gov.br/.