Cotidiano

Sintraima culpa Governo por situação de caos no CSE

Segundo presidente do sindicato, Antônio Leal, o Estado havia sido alertado inúmeras vezes sobre disputas de facções na unidade

Em entrevista a FolhaWeb neste domingo, 22, o presidente em exercício do Sindicato dos Trabalhadores Civis Efetivos do Poder Executivo do Estado de Roraima (Sintraima), Antônio Leal, manifestou preocupação com os últimos incidentes envolvendo internos do Centro Socioeducativo Homero de Souza Cruz Filho (CSE).     

Na noite de ontem, 21, um adolescente identificado como Paulo Henrique Medeiros Soares, de 16 anos, foi brutalmente morto por outros internos da unidade. O modo como o crime foi praticado chocou até mesmo as equipes de segurança, uma vez que a vítima foi decapitada e teve o restante do corpo esquartejado.

Conforme o sindicalista, a situação de caos dentro do CSE já vinha sendo alertado pela entidade ao Governo do Estado há bastante tempo, inclusive, com encaminhamento de vários ofícios para as secretarias de Justiça e Cidadania (Sejuc) e do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), responsáveis pela execução de ações na unidade.

“Nós já tínhamos explanado com eles [Sejuc e Setrabes] sobre essa formação de facções dento do sistema Socioeducativo, mas nunca tomaram nenhuma providência a respeito. Infelizmente a culpa é do Governo, por ter deixado essa situação chegar a esse ponto”, disse.   

Entre as questões defendidas pelo sindicato nos ofícios, segundo Leal, estão às garantias de segurança para os agentes  socioeducativos  e a realização de concurso público para melhorar a qualidade dos trabalhos desenvolvidos na unidade.

“Todas as sugestões, os relatórios de visitas que realizamos, tudo que nos colhemos de informações relacionadas ao funcionamento do CSE, foram encaminhados para o Estado. Infelizmente nada foi acatado e a situação por lá só piora”, frisou.

Leal reforça ainda que a morte do adolescente é um  reflexo claro da falta de iniciativa do Governo em resolver o problema, o que acaba fortalecendo ainda mais a influência do crime organizado sobre os interno.  

“A preocupação agora é com os servidores, porque se eles já começaram isso com os internos, na impede deles se revoltarem contra os agentes”, salientou.

O OUTRO LADO

Por meio de nota, o Governo do Estado informou que estão em andamento os serviços de reforma e de reforço da estrutura física do prédio do CSE. A ordem de serviço da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) incluiu ainda a instalação de contenção interna, a fim de garantir que, em situações de conflito, os agentes públicos mantenham-se seguros e tenham tempo para reação. “A previsão de término dos trabalhos é nos próximos 20 dias”, completou.

Em relação ao efetivo, a Administração Estadual reforçou que a Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) está trabalhando para convocação dos agentes sócio-orientadores aprovados no último concurso público, aumentando o quadro de servidores da unidade.

Sobre a morte do adolescente, a nota ressalta que Sejuc já adotou todas as medidas de segurança com o ingresso dele na unidade. “Considerando a situação verificada atualmente no sistema carcerário nacional e nas unidades de atendimento socioeducativo de todo o País, com frequentes conflitos entre pessoas de facções rivais, ele foi colocado num alojamento em que estavam outros adolescentes autodenominados da mesma facção. Portanto tratou-se de um fato atípico e imprevisível”, destacou.

Ainda em relação ao homicídio, o Governo esclareceu que todas as medidas administrativas cabíveis para a situação foram praticadas.